Um dos personagens de Vozes do Paraná 6 é Elias Abrão. Ele é parte do volume de 6, contendo 640 páginas, 800 fotos, 2 quilos de peso, que estarei lançando na segunda-feira, dia 25, no solar Vila Sophia, Rua Barão de Antonina com Rua Mateus Leme (endereço conhecido como Casa do Bispo), a partir de 19h30.
As vendas de Vozes 6 serão, em parte, na noite, destinadas às obras do Instituto Ciência e Fé. No local, serão aceitos todos os cartões de bancos e crédito.
A vida de Elias foi riquíssima e é recuperada, em parte, por meio de depoimentos de seus filhos, e de ex-colaboradores, como a professora Leomar Marchesini.
Eis excertos do texto sobre o pastor presbiteriano, político e professor que tanto marcou Curitiba:
“É certo que o nome marca o homem, tanto quanto o homem pode marcar o nome. Alguém chamado Elias Abrahão não poderia ser homem de indiferenças.
E não foi. Não era alguém cuja presença passasse despercebida – não só pelo porte altivo de jogador de basquete de quase dois metros de altura, mas pelo temperamento forte, traço digno de seus padroeiros bíblicos….
Pregador presbiteriano, formou-se na escola da boa oratória, tradição daquela igreja histórica, pioneira do protestantismo clássico no Brasil.
Elias Abrahão tinha o discurso fácil e inflamado. Sabia levar aos ouvintes sua mensagem, falasse do púlpito religioso ou da bancada política. Assim, juntou funções bem apropriadas para suas qualidades: a de pastor preocupado em levar os corações a se entregarem a Cristo, a de professor empenhado em levar a mente dos alunos ao conhecimento e, posteriormente, também a de político comprometido com os ideais do serviço público.
2 – UM PASTOR REVOLUCIONÁRIO
Na Igreja Presbiteriana do Brasil., fazia orientação espiritual, assim como prestava aconselhamento aos estudantes no Curso Positivo – sua preparação como pastor lhe dava instrumentos para isso. Seu comportamento de pastor, aliás, não era muito bem visto por colegas mais conservadores.
Tinha atitudes bem pouco convencionais no seu ministério, como abençoar casais de segundas núpcias.
Certa feita, pediram-lhe para fazer uma palestra contra o cigarro, sob a ótica religiosa, apontando o vício do fumo como pecado. Ele se recusou.
Disse que poderia falar dos malefícios do cigarro à saúde, mas que não saberia misturar o tema com religião. Elias Abrahão era homem de convicções, tanto na religião quanto na política, incapaz de lutar por algo em que não acreditasse. Repetia sempre que era pastor porque acreditava naquilo que fazia e pregava.
3 – LARGO E FIEL CORAÇÃO
Era extremamente fiel aos amigos. Tinha um largo coração, sempre pronto a ajudar quem precisasse, notadamente os amigos. Indignava-se com a perseguição do regime militar a jovens e estudantes. Chegou a promover um abaixo-assinado contra a demissão de um professor universitário perseguido por suas posições políticas. Sobre esse professor, comentava-se à boca pequena que seria homossexual – em tempos de regime militar, epíteto tido como grande infâmia. A quem o reprovava por “defender um homossexual”, ele retrucava com veemência.
4 – AMIZADES À PARTE
Conta sua amiga Leomar Marchesini, que trabalhou com ele na Secretaria de Educação, que certa vez receberam denúncia de mau uso de dinheiro público em uma escola dirigida por um amigo. Elias não vacilou em ordenar que se fizesse toda investigação necessária. Também não utilizava verbas da Secretaria que administrava para favorecer aliados. Por valorizar as amizades, acabou tendo algumas grandes decepções com supostos amigos que agiram contra ele. Entretanto, não alimentava desejos de vingança.
5 – ETERNO APRENDIZ
(…) …. Seu hino, que costumava cantarolar, era “Eterno aprendiz”, de Gonzaguinha: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz… Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz…”
… Numa placa de homenagem que para ele mandaram confeccionar 63 professoras do Departamento de Educação Especial da Secretaria de Educação, estão os dizeres emblemáticos: “No seu tempo, houve esperança.”
Entre os escritos de Elias Abrahão, encontra-se “O primado da esperança”, que se constitui numa boa mostra da dimensão de sua alma….”