Ao que me consta, o arcebispo emérito de Curitiba, dom Pedro Fedalto, 88, não é membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. Uma pena, pois o religioso, dono de uma memória impressionante (esta é a palavra certa) entregará à estante paranaense até o final deste ano dois novos livros que devem reafirmar aquilo que eu e muitos outros sabemos há anos:
Trata-se de um historiógrafo de impressionante calibre. Fixado, é certo, no levantamento e na análise de aspectos fundamentais da vida da Igreja Católica no Paraná. E até do Brasil. A tal ponto que tem, registrado num livro, de próprio punho, a designação de todos os bispos brasileiros dos últimos 50 anos.
Ele não usa a internet.
2 – SOBRE COLÔNIA REBOUÇAS
Num de seus livros, fez incursões, é verdade, por aspectos da colonização italiana na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Foi quando, no começo de 1980, escreveu sobre sua terra natal, Colônia Rebouças, em Campo Largo.
O primeiro dos próximos livros de dom Fedalto diz, já no título, de seu conteúdo: “História da Igreja no Paraná”.
Começa é certo com os colonizadores portugueses e os espanhóis. Mas fixa-se mesmo na análise da História a partir da instalação dos bispados, século 19.
Nisso mergulha em amplas pesquisas, como a influência dos padres lazaristas de origem francesa (no entanto, os primeiros a chegar ao Brasil, depois de 1808, dessa congregação, eram alemães, ele esclarece) na formação do clero local.
Chega a curiosidades, como a situação de um padre lazarista que, escolhido bispo de Florianópolis, nomeado pela Santa Sé, não aceitou tomar posse. “Ele se julgava indigno do cargo”, lembra dom Pedro.
3 – REMINISCÊNCIAS DE PEDRO
O outro livro do arcebispo emérito promete muito, como levantamento do olhar do autor, personagem que muita influência teve na vida do Paraná, nos últimos 40 anos.
Por exemplo, nos governos Ney Braga, sua presença foi fortíssima, influenciando lideranças estaduais.
O livro já tem nome – “Reminiscências”. Mas ele não adianta conteúdo. No entanto, conhecendo-se dom Pedro, pode-se garantir que não fará revelações bombásticas. Não é de seu feitio, embora, de forma até sutil, nunca decline de exercer espírito crítico.
Ainda sobre os lazaristas, de província de origem francesa, que foram seus professores no antigo Seminário São José, Pedro credita a eles grande o papel de educadores em Curitiba, particularmente, a partir da primeira metade do século 20.
Já os lazaristas de origem polonesa (ou vicentinos, também chamados de membros da Congregação da Missão) foram importantíssimos no atendimento pastoral em várias áreas do Estado, especialmente Araucária e Norte do Paraná. Até o dia em que o bispo de Apucarana, dom Romeu Alberti (in memoriam) resolveu entregar as suas paróquias a padres diocesanos, dispensando-os.
Voltarei ao assunto.
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