quarta-feira, 4 dezembro, 2024
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Dom Moacyr Vitti, a perda de um pastor

Dom Moacir Vitti
Dom Moacir Vitti

Dom Moacir Vitti, que morreu aos 73 anos, na quinta-feira, dia 26, em Curitiba, teria menos de dois anos para tornar-se arcebispo emérito de Curitiba. Aos 75, o Vaticano habitualmente aposenta seus bispos, num salutar processo de renovação.

Não tive muitos contatos com Dom Moacir. Mas todos foram sempre amenos. Um deles, quando ele foi ao lançamento de meu livro Vozes do Paraná 3, realizado no Solar do Rosário; outra vez, da qual me lembro com boa impressão, foi quando ele acolheu-me na Cúria. Lá fui com o rabino Pablo, da comunidade Israelita de Curitiba, e o Antonio Carlos da Costa Coelho, quando com ele tratamos do evento Diálogo Católico-Judaico, que acabou acontecendo em 2011 no Studium Theologicum e no Centro Israelita do Paraná.

2 – ABERTO AO DIÁLOGO

Era um homem aberto ao diálogo inter-religioso, compareceu às reuniões, do Diálogo, manifestou-se sobre alguns temas, visitou a sinagoga, confraternizou com os participantes do evento.

O que, na minha opinião, sempre identificou o arcebispo agora morto foi sua capacidade de bem acolher as pessoas. Mas não era de arroubos, nem poderia ser classificado de um bispo polivalente, como foi seu antecessor, dom Pedro Fedalto, que se caracterizou por ampla imersão na sociedade curitibana em 30 anos de pastorado aqui.

Dom Pedro, com sua incrível memória, conhecia e vivia a Curitiba de todas as castas sociais e linhas políticas. Sempre se mantendo, é certo, como o reto bispo de quem se pede distância crítica para melhor governar.

3 – UM HOMEM SIMPLES

Dom Moacir não era um intelectual, embora com doutorado conseguido em Roma, onde também chegou a ser um dos dirigentes mundiais da congregação a que pertencera, a dos padres Estigmatinos.

Era um homem simples, centrado em sua ação pastoral, que eu identificaria como “de manutenção do dia a dia da Igreja em Curitiba”. “Caracterizou-se como um animador sempre presente nas muitas instituições católicas, às quais levava sua palavra de pastor”, lembra um professor da PUCPR.

Com consistente apoio de dom Moacir, padre Reginaldo Manzotti, o padre cantor de enorme sucesso no Brasil todo, pôde realizar seu trabalho a partir de Curitiba. O que não significa que o arcebispo tenha sido indiferente a outras linhas da pastoral católica em Curitiba.

4 – BISPO CONSERVADOR

Mas com certeza não foi um bispo que incentivasse linhas como as chamadas “progressistas”, das CEBS e Teologia da Libertação.

“Ele foi um bispo conservador, mas não empedernido”, observa à coluna um analista da Igreja local.

Entra para a história da Igreja em Curitiba como um arcebispo que cumpriu seu mandato episcopal, sem grandes arroubos nem por ações retumbantes, mas marcado pela constância no seguir a defesa de postulados católicos.

Marcou-se especialmente pela defesa da vida, da concepção ao leito de morte do ser humano.

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