sábado, 8 fevereiro, 2025
HomeMemorialDE QUANDO PEDRO MUFFATO FOI PARA O "CATIVEIRO"

DE QUANDO PEDRO MUFFATO FOI PARA O “CATIVEIRO”

Pedro Muffato 

1 | Criaram-se muitos mitos em torno do período de resistência democrática ao regime militar de 1964.

Um dos mais persistentes parece ser aquele, meio maniqueísta, que atribuía ao chamado “velho MDB de guerra” – partido que precedeu a criação do PMDB, do qual foi herdeiro – só qualidades louváveis.

Era espécie de “hagiografia partidária”, santificando todas as ações emedebistas e condenando, como danosos, todos os que estivessem “do outro lado”. Por exemplo: os que pertenciam à ARENA, o partido aliado dos militares.

2 | Pois Pedro Muffato, uma das melhores personalidades da vida paranaense contemporânea, campeão de corridas automobilísticas, foi candidato do “velho MDB”. E se elegeu prefeito de Cascavel nos anos 70s, e dele é o testemunho que põe por terra a aura de “santidade” da legenda. Pelo menos naqueles dias e naquela cidade. Pois no amplo depoimento que me concedeu para o meu livro Vozes do Paraná, volume 6, a ser lançado em agosto próximo, Muffato conta que a sua candidatura – numa sublegenda do partido – fora registrada pelos próceres emedebistas “apenas para coadjuvar outros candidatos do partido”. Na verdade, ninguém apostava em Muffato que, para surpresa de todos, acabou eleito prefeito de Cascavel, cidade da qual foi um dos pioneiros nos primeiros dias dos 1960s.

3 | As tentativas emedebistas de coagi-lo, para que desistisse de concorrer – diante das pesquisas que assustavam seus adversário, pois já aparecia como folgado vitorioso – Muffato foi feito prisioneiro por meia dúzia de horas. Ficou em cárcere privado –, sob ameaças psicológicas para que desistisse.

Pedi-lhe nomes. Ele me respondeu: “Não vale a penas, muitos deles estão aí, vivos, na vida pública…”

Leia Também

Leia Também