Amanhã, 28, quinta-feira, os meios de comunicação social de Curitiba terão uma oportunidade muito boa de entrevistar o brasileiro de maior expressão na alta hierarquia da Igreja Católica que atua no Vaticano: o catarinense-paranaense Dom João Braz de Aviz, 64. Ele nasceu em Mafra, mas cedo se mudou com a família para Borrazópolis, Norte do Paraná, estudou em Curitiba e foi ordenado padre para a diocese de Apucarana.
Dom Aviz foi companheiro de seminário de seu irmão carnal padre Amauri de Aviz, hoje servindo em Brasília.
Braz de Aviz, o cardeal, é o Prefeito da poderosa Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Essa Prefeitura é uma das linhas de frente do catolicismo, cabendo-lhe zelar para chamada vida religiosa e o enorme exército de obreiros, homens e mulheres, que ela tem na Igreja Católica, mundo a fora.
O encontro de dom Braz de Aviz com a mídia será às 14 horas, e a entrevista está estabelecida para durar só 30 minutos. Será na Igreja do Portão, Rua João Bettega.
2 – VIDA CONSAGRADA
E o cardeal vem para falar para religiosos de vida consagrada (àqueles que, sendo irmãos, freiras ou padres ou mesmo leigos consagrados, vinculam-se a congregações e movimentos de vida consagrada; nesse rol não se incluem padres e diáconos diocesanos, que são ordenados para a atuar localmente, para a chamada “igreja particular”. Os religiosos devem, ao contrário, ser disponíveis para servir à chamada ‘igreja universal. Isto é: em qualquer parte do mundo).
3 – UM PARANAENSE
Dom João Braz de Aviz é um velho conhecido dos curitibanos. Eu mesmo o conheci – ao lado de seu irmão, quando, nos anos 1970/80, cursava Teologia em Curitiba, no Studium Theologicum, dos padres claretianos, o expressivo celeiro de quadros para a mundo católico. De lá saíram outros notáveis, como dom Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo, que foi insistentemente apontado como um ‘papabili’, na sucessão de Bento XVI.
Convidado pela Conferência dos Religiosos do Brasil-Paraná (CRB-PR), o cardeal falará a propósito do Ano da Vida Consagrada, estabelecido pelo Papa Francisco para 2015.
Como auditório, dom Braz de Aviz terá religiosos e religiosas associados a congregações que representam as 196 organizações/congregações católicas ligadas à CRB local.
O tema do encontro é como que uma palavra de ordem e de animação, nestes tempos em que escasseiam vocações: “Consagrados (as), alegrai-vos! Fostes encontrados, alcançados e transformados pela Verdade que é Cristo”.
4 – PERFEITA CARIDADE
Dentre os objetivos desse encontro está também, celebrar-se os 50 anos do documento ‘Perfecte Caratatis’ (do Concílio Vaticano II).
A nota em que a CRB convoca a mídia para a entrevista diz ainda que o encontro servirá para “animar e renovar o ardor da vida consagrada para que se abra sempre mais a Cristo e ao próximo”.
As 196 congregações que fazem parte da CRB no Paraná envolvem pelo menos 756 comunidades, em 19 núcleos no Paraná. São obreiros dedicados tempo integral a serviço da igreja em hospitais, asilos, orfanatos, escolas, meios de comunicação, universidades, obras sociais, movimentos de ação popular, paróquias, capelanias, capelas, pregações missionárias e também em mosteiros de vida enclausurada…
5 – “CERIMONIÁRIA”?
A propósito da vinda de dom João de Aviz ouço um padre religioso de Cascavel, com o compromisso de que o manterei no anonimato. Ele é membro da CRB-PR e, em meio a observações sobre o momento, registra uma crítica certeira:
“Vejam só, a vinda do cardeal é excelente oportunidade de diálogo, bom para todos. Mas observem como a CRB faz o convite para a entrevista à imprensa: apresenta, com destaque, uma religiosa como ‘cerimoniária’. Isso é perfeitamente dispensável, não é com aparatos medievais que a Igreja vai se comunicar com os meios de comunicação… Qual o papel de cerimoniária na entrevista ou mesmo no encontro?”, questiona o padre S.
6 – AS REALIDADE DE HOJE
Se essa “cerimoniária” anunciada pela CRB-PR pode parecer uma peça estranha nos tempos do papa Francisco, que procura fixar a proposta de uma Igreja encarnada no mundo de carências de toda ordem, o cerne da questão é outro. A vinda do cardeal dom João Braz de Aviz vai evidenciar sobretudo um homem de espírito diplomático, conciliador, que tem uma irmã carnal pertencendo a Igreja do Evangelho Quadrangular de Curitiba e um irmão como funcionário da COPEL. É alguém que conhece nossa realidade. E mais do que isso: conhece a realidade da orbe toda, que se seculariza celeremente e, ao mesmo tempo, mostra ânsia pelos transcendental.