Faissal El Khatib, 78, empresário, morreu sábado em Curitiba.
Esta é a notícia fria, sem visão histórica. Mas o fato é que Faissal pertence a momento muito especial da vida do Paraná, anos 1960 e 70 do século 20, quando pela primeira vez se publicou uma coleção de livros especialmente dedicada à História do Paraná. E que se tornou ‘best seller’, graças ao trabalho da então enorme distribuidora de livros Câmara Brasileira de Livros, fundada por sua família.
2 – CECÍLIA WESTPHALEN E WACHOWICZ
A publicação procurou, recolhendo ensaios de historiadores como Cecília Westphalen, Altiva Balhana, Ruy Wachowicz, e análises de jornalistas como Rosy de Sá Cardoso e Aramis Millarch – dentre outros historiadores e analistas da vida paranaense – cumprir um papel pioneiro.
O livro “História do Paraná”, editado pela Grafipar, tendo como editores Faissal e seu pai, Said Mohamed El Khatib, foi por anos seguidos o melhor referencial contendo uma visão compacta dos primórdios e da evolução do Paraná até àqueles dias.
3 – POPULARIZOU A HISTÓRIA
Posso dizer, sem exagero, que a coleção – de capa dura – tornou-se uma presença quase obrigatória em bibliotecas e em todos os lugares em que se precisava conhecer o Paraná além dos textos insubstituíveis de David Carneiro (insuperável intelectual e historiador de nossas raízes), assim como Themístocles Linhares, Wilson Martins, Francisco Negrão, Romário Martins.
A coleção da Grafipar, a empresa da família El Khatib, ganhou ampla capilaridade. Claro que era, mesmo assim, limitada na sua abrangência, mas foi um primeiro passo decisivo para ampliação da discussão de nossa História.
Said, o pai, era maometano, mas por influência da esposa, criou os filhos no cristianismo. Um deles é Faruk El Khatib, dono da revista Where Curitiba, que foi editor de diversas publicações hoje extintas, entre elas, a Peteca, e, por certo tempo, do extinto Correio de Notícias, pelo qual passaram jornalistas de um time precioso, como Cila Schulman, Fábio Campana, Marilu Silveira, Jorge Bernardi, e o monumental Reinaldo Jardim.
Jardim é parte da melhor história do jornalismo brasileiro, sobretudo por ter sido o renovador do Jornal do Brasil.
Enfim, os El Khatib, com Said, Faissal e Faruk, estão na história do mundo editorial paranaense. Pena que pouco lembrada.