Por André Nunes – Um só Deus e sua sombra. Um só Deus sobre nós. O que aconteceria se um grupo de extremistas religiosos tivesse acesso e poder sobre outra entidade divina que não o Deus por eles cultuado? Seria morto, aprisionado, torturado? Essa é uma das premissas e pontos de discussão em O Convento (Consecration), filme de Christopher Smith que estreia dia 27 de julho nos cinemas do Brasil. Assista ao trailer.
Os posters, trailer e materiais de divulgação acabam sugerindo que a produção seja mais um terror ao estilo A Freira, de possessões demoníacas e muitos sustos. Mas não é o que vemos em tela. A primeira metade traz um clima sombrio de mistério bem construído, com a protagonista Grace (Jena Malone), uma oftalmologista cética, precisando confrontar sua fé e seu passado quando o irmão Michael (Steffan Cennydd) morre (ou é morto) num convento na Escócia.
O que segue Grace após sua chegada ao convento é uma série de eventos, flashbacks e mistérios que remontam ao século 12, quando cavaleiros templários fundaram a edificação primitiva onde hoje se encontra aquela ordem de freiras. Apesar de o pano de fundo ser interessante, a execução do roteiro a partir deste ponto é truncada, com algumas pontas soltas e perguntas sem respostas.
Se por um lado roteiro, escrito pelo próprio Christopher Smith ao lado de Laurie Cook, não cai nas armadilhas do didatismo excessivo ou de apelar para jump scares a cada troca de cena, por outro acaba deixando boa parte da interpretação final para o espectador.
As atuações de Jena Malone e Danny Huston (o padre enviado pelo Vaticano para investigar a morte de Michael) estão na medida, entregando o que podem com o roteiro que têm em mãos. Destaque também para a Madre Superiora de Janet Suzman.
Sem entrar em spoilers, o que se vê na metade final do longa são conclusões que podem ou não ser explicadas por uma entidade divina ou demoníaca agindo naquele local, sobre aquelas pessoas, no decorrer tanto da vida de Grace – desde que foi adotada por seus pais, nos anos 1990 – quanto da existência do próprio convento e ordem religiosa.
Vai de cada espectador interligar as explicações apresentadas. O Convento é uma boa surpresa entre tantas produçoes que bebem da mesma fonte (no sombrio e religioso, com doses de suspense e terror) e acabam por trazer as mesmas sequências e (falta de) viradas no roteiro. Porém, a falta de uma melhor coesão impede que o ato final seja compreendido e apresentado da forma como poderia.
Nota 3/5
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