quarta-feira, 26 março, 2025
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Cattani, Paulino, Deonilson e Mazzaropi

Marcelo Cattani, Ratinho (pai), Deonilson Roldo, Paulino Viapiana e Mazzaroppi
Marcelo Cattani, Ratinho (pai), Deonilson Roldo, Paulino Viapiana e Mazzaroppi

Em início de governo, o universo de especulações é elástico, tem muita mobilidade

Dias atrás, por exemplo, a Gazeta do Povo noticiou que o governador Beto Richa, por estar descontente com seu secretário de Comunicação Social, jornalista Marcelo Cattani, iria substituí-lo pelo secretário de Estado da Cultura, Paulino Viapiana, igualmente jornalista e que, com Deonilson Roldo – também com a mesma formação profissional – formava até agora um trio em tudo parecendo uma fraternidade indissolúvel.

O trio, a bem da verdade, foi uníssono, numa grande aposta em Richa, desde o início da carreira do governador. Apostou tudo no filho de José.

O trio ajudou a ganhar a parada, como se sabe, e consolidou-se no poder.

2 – CATTANI

Até agora Marcelo Cattani sempre foi compreendido pelos que estão de fora dos muros palacianos, e não frequentam o chamado círculo íntimo de Richa, como um secretário eficiente. Homem educado, de bom trato, acessível, tem a história de jornalista e publicitário.

Pois, apesar das inúmeras e incontáveis dificuldades (e deficiências) do Governo, conseguiu, em certos momentos, tirar água da pedra.

E entre os resultados que ele pode exibir estão os números de pesquisas a indicar aprovação de Beto e seu governo, especialmente confirmada pelo último pleito.

Até por isso não existiam indicativo de dissabores do governador com ele e sua equipe, pelo menos a ponto de justificar sua demissão de Cattani.

3 – PAULINO

Paulo Viapiana, gaúcho de Antonio Prado, aclimatou-se no Paraná, onde fez carreira jornalística ao longo de anos. Até passar a atuar no mundo político, sempre como comunicador social.

Com Richa na Prefeitura, foi presidente da Fundação Cultural de Curitiba, enfrentou protestos de artistas, quase sempre motivados por pleitos financeiros de quem se habituou a criar e produzir arte em cima dos editais e dos mecenatos.

No Governo, como secretário de Cultura, notoriamente comendo o pão que o diabo amassou por falta de recursos materiais, vai fazendo o que pode. Talvez tenha até chegado ao seu limite e tenha, mesmo, esgotado seus interesses pela área onde vive altos e baixos. Não é um homem originário da área cultura, mas, é verdade, mostra-se com disposição de sempre aprender desse universo.

“Ele é um lutador”, resume sua opinião sobre Paulino um antigo diretor teatral, que pede anonimato, “pois não quero parecer puxa-saco”, diz.

4 – O TRIO

Deonilson completa o trio.

Ninguém duvida que é o mais poderoso dos 3, e também o que mais gerou desafetos, em todas as áreas da vida paranaense. Especialmente entre jornalistas, embora poucos profissionais expressem seu descontentamento com este ex-repórter da Folha de Londrina que, ao lado de seu arqui-desafeto, Ezequias Moreira, disputa a preferência e o ser aceito como o “primus interpares” de Beto Richa. Eles nem se cumprimentam. Falar um com o outro, há alguém que jure tê-los visto conversando, “uma única vez”. E só, e por absoluta necessidade.

Nos movimentos para levar Paulino rumo à Comunicação Social, dizem que houve movimentos de Deonilson que, estaria “estomagado” com Cattani nos últimos meses. Motivos? Ninguém sabe.

5 – O RECADO

Curiosamente, logo depois da nota da Gazeta sobre a intenção de Richa em transferir Paulino para a Comunicação Social – e desempregar Cattani -, a agenda do governador anotou para uma terça-feira, 13 de janeiro: audiência ao deputado Ratinho Junior e seu pai, o apresentador Ratinho, aquele que fala para 10 milhões de brasileiros pela SBT.

O teor da conversa do trio não transpirou. O que se sabe é que Ratinho e o pai teriam manifestado simpatia por Cattani, por quem tem apreço.

Não se sabe se os dois foram elogiosos a Paulino.

O que se sabe, isso sim, é que Ratinho, o pai, detém os direitos de exibição da enorme filmografia de um dos ícones da cultura popular brasileira, o Mazzaroppi.

E que o assunto filmes de Mazzaroppi passou pelo gabinete de Paulino, com proposta para que fosse exibido nos cinemas que a Secretaria de Cultura do Estado tem em diversas cidades.

O pedido não foi deferido.

Dizem que Paulino, num momento de comovente sinceridade, considerou que Mazzaroppi não atende ao modelo de cultura que preocupa a Secretaria de Estado.

O imbróglio está apenas começando.

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