João DeDeus Freitas Neto; Belmiro Valverde Jobim Castor
O jornalista Hélio de Freitas Puglielli, uma das mais sólidas admirações curitibanas entre jornalistas formados pela UFPR, onde ele foi professor acatadíssimo por anos seguidos, manda-me a seguinte estorieta dimensionadora do tipo humano que foi Belmiro Castor. Leia:
“Tanto Belmiro Valverde Jobim Castor, quanto meu tio João DeDeus Freitas Netto, eram fervorosos leitores de Eça de Queiroz e costumavam citá-lo. O costume deu origem a um episódio hilariante, que muitos conhecem, outros não – e por isso vou narrar, por ter gravado a cena em que ambos (hoje nas alturas) rememoravam o fato, entre gargalhadas.
30 anos atrás, Secretário do Governo José Richa, Belmiro decidiu, por imperativo de consciência, desmentir a afirmativa do Secretário da Fazenda (atualmente Finanças) sobre a normalidade de pagamento de comissão pela corretagem de uma operação financeira efetuada pelo Estado no exterior.
Com sua proverbial presteza para tomar decisões, Richa demorou meses e por fim exonerou “salomonicamente” ambos os Secretários…”
Ironia com personagem
Nesse meio de tempo, Belmiro concedeu entrevista a uma repórter da imprensa local, que insistia em saber “de quem era a culpa”. Como não estava julgando ninguém, mas apontando fatos que falavam por si próprios, Belmiro citou Eça, ironicamente, afirmando que a culpa “talvez fosse do Bey de Túnis”. Claro que a repórter não sabia que o escritor português escrevia crônicas ironizando e brincando com esse longínquo personagem (na época o mundo não era uma aldeia global), como uma espécie de bode expiatório do que acontecia de mau.”
Culpa do B. Antunes?
Finaliza Puglielli:
“E nem a jornalista era obrigada a saber, mas tinha que procurar um esclarecimento sobre a referência com o próprio Belmiro. A entrevista, no entanto, foi dada por encerrada.
No dia seguinte, ao ler a matéria publicada, o entrevistado assustou-se: estava escrito, com todas as letras, que “a culpa” era do “B. Antunes”.
Estupefação e mal estar primeiro, hilaridade depois.
Só não se sabe se o comerciante atacadista B. Antunes de Oliveira, muito conhecido em Curitiba na época, também leu a reportagem.