
Francisco Souto Neto e sua prima, a jornalista Lúcia Helena Souto Martini, escreveram um livro indispensável na biblioteca de quem tem interesse pela História do Brasil, e, de forma especial, pela história das finanças e dos bancos do país.
Trata-se do “Visconde Souto, Ascensão e ‘Quebra’ no Rio de Janeiro Imperial “, Editora Prisma, de Curitiba, uma casa editorial que tem catálogo de altíssima qualidade, mas pouco conhecido.
FASCINANTE A TODA PROVA
O fascinante personagem, banqueiro natural de Portugal, foi literalmente um “tycon” do Brasil Imperial: seu banco, a Casa Souto, rivalizava com o Banco do Brasil em depósitos, lá por volta de 1850.
Nome quase lendário da vida bancária e das finanças do Brasil, Antonio José Alves de Souto, Visconde de Souto, é trisavô de Francisco Souto e Lúcia Helena Souto Martini.
FUNDOU A BOLSA DO RIO
Impossível também dissociar o Visconde de Souto de marcantes momentos da vida da corte, como o fato de ter sido ele um dos fundadores da Junta dos Corretores, atual Bolsa de Valores do Rio de Janeiro e também parte da primeira diretoria da Caixa Econômica. A história do visconde – o primeiro banqueiro particular do país – envolveu ampla inserção dele na vida comunitária, com repercussão, até, em escritos de Machado de Assis. Por exemplo, em “Quincas Borba”.
OBRAS COMUNITÁRIAS
Além da contribuição à economia e finanças do Brasil, o Visconde de Souto fascina o leitor pela maneira com que o retratam seus descendentes, pela capacidade que teve de envolver-se em obras comunitárias. Em sua chácara, por exemplo, criou e manteve o primeiro zoológico do Brasil; manteve obras de apoio à alimentação e escolaridade da infância carente; presidiu a Beneficência Portuguesa do Rio, uma portentosa obra de assistência social e hospitalar.
FOI INOCENTADO
Recomendável, sob todos os títulos, é, pois, esse livro, resultado de anos de pesquisas feitas por Francisco Souto Neto e Lúcia Helena Souto Martini. Com uma observação final: o visconde foi inocentado da quebra da Casa Souto. Esse fato, lembram os autores, foi atestado pelas seis centenas de obras que consultaram, o que também dimensiona a importância do livro capitaneado pelo acadêmico Souto Neto, da Academia de Letras José de Alencar.