terça-feira, 11 novembro, 2025
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Araucária ganha destaque na arquitetura de empreendimentos

Por muito tempo, a araucária – espécie arbórea do Bioma Mata Atlântica ameaçada de extinção – foi vista por incorporadores como um desafio: protegida por lei, sua presença em terrenos urbanos limitava, em alguns casos, o avanço da construção civil. Quase 20 anos depois da proibição do corte, essa mesma árvore virou inspiração para um novo paradigma da arquitetura brasileira, que reconhece o valor da paisagem original como parte da solução, e não do problema.

Em Curitiba, a árvore símbolo do Paraná tem ganhado destaque nos novos empreendimentos. Um exemplo é o Kóra, residencial das incorporadoras AGL e ALTMA, em construção na capital paranaense. O projeto paisagístico do empreendimento transformou o pinheiro-do-Paraná pré-existente no terreno em protagonista do Refúgio da Araucária: espaço com características de um refúgio urbano.

O nome escolhido, Kóra, faz referência à gralha azul, cujo nome científico é  “Cyanocorax caeruleus”. Além de ser a ave dispersora do pinhão, a semente da araucária, a espécie é gregária e representa o equilíbrio da vida em comunidade. “O Kóra segue um novo modelo de integração entre arquitetura, tecnologia e bioma. Partimos da araucária como eixo do projeto para construir um empreendimento que respeita o território e propõe novas formas de convivência, em harmonia com a cidade e com o futuro”, afirma Luiz Antoniutti, engenheiro civil e diretor da AGL Incorporadora.

Com pouco mais de 4% de remanescente da floresta com araucárias, o corte da espécie é proibido no Paraná desde 2006 – medida que, inicialmente, tornou a presença das árvores nos terrenos um obstáculo para a construção civil. Mas, a consciência ambiental e a  tendência de valorização das espécies nativas nos novos empreendimentos mudaram o olhar do setor. De acordo com o arquiteto Andrei Crestani, da Urbideias – estúdio que assina o projeto de arquitetura paisagística do Kóra –, a presença da árvore foi valorizada desde a primeira fase do plano de ocupação. “A araucária tende a ser ‘demonizada’ em projetos por conta da área de preservação que institui. Para nós, ela é um estatuto da história da paisagem do Estado. Por isso, decidimos colocá-la no centro das decisões conceituais, funcionais e de experiências do projeto”, conta.

O conceito criado para o Kóra partiu da abordagem da Urbideias que usa as estruturas vegetais como inteligência verde: um projeto de paisagem que, para além de estético, tenha função ecológica e educativa. O projeto é 100% composto por espécies nativas da Mata Atlântica, priorizando aquelas que favorecem a biodiversidade urbana e o equilíbrio microclimático. As árvores, arbustos e herbáceas escolhidas para o projeto absorvem cerca de 3.000 toneladas de CO₂ por ano, auxiliam na redução de ruídos e temperatura e atraem espécies de aves, abelhas, borboletas e joaninhas que contribuem tanto com a manutenção do projeto em si, como na capacidade de contribuir na recomposição da floresta urbana do entorno.

O projeto também propõe uma paisagem comestível, com ervas aromáticas e frutíferas como goiabeira, jabuticabeira e grumixama, além de placas educativas sobre as plantas, estimulando o contato das crianças com a natureza. O pátio central do empreendimento será um espaço compartilhado de relaxamento e lazer ao ar livre — uma tradução concreta da biofilia como experiência cotidiana.

Paisagismo regenerativo: o novo ESG na construção civil

O projeto do Kóra incorpora o design biofílico, que favorece a conexão das pessoas com o meio ambiente, e o paisagismo regenerativo, conceito introduzido no mercado imobiliário brasileiro pela Bloco Base, empresa paranaense responsável pela consultoria de sustentabilidade e eficiência do empreendimento. “São conceitos que ampliam o papel da sustentabilidade para além da mitigação de impactos, promovendo recomposição ecológica”, define o engenheiro civil e sócio fundador da consultoria, Iago de Oliveira. “Quando trazemos espécies nativas e polinizáveis, transformamos o espaço construído em ferramenta de regeneração do ecossistema local. Essa é a nova etapa do ESG: não apenas neutralizar, mas regenerar”, complementa.

Segundo o consultor, essas escolhas dialogam com uma tendência global observada por consultorias como WGSN e Wunderman Thompson: consumidores mais conscientes, que valorizam marcas com propósito e produtos que expressam compromisso ambiental real.

O projeto paisagístico coopera para que o empreendimento alcance o “selo verde” da construção civil. O Kóra está entre os primeiros empreendimentos do Brasil em processo de certificação GBC Condomínio – versão 3, nova geração do principal selo nacional de construções sustentáveis. Entre os diferenciais do projeto, estão os sistemas de reúso de águas cinzas e de chuva, a gestão de resíduos na obra, o uso de materiais de baixo impacto ambiental, bicicletários e estrutura de ciclomobilidade, além de estudos de conforto térmico e lumínico. A fachada, assinada pela Nommo Arquitetos, tem orientação solar voltada para o Norte e vista para a Serra do Mar, com ventilação cruzada, esquadrias de alta performance e aproveitamento máximo da luz natural — soluções que reduzem o consumo energético e elevam o conforto ambiental.

Localizado na Rua Francisco Frischmann, no bairro Portão, o Kóra tem entrega prevista para dezembro de 2027. Com 20 pavimentos, sendo 16 de unidades residenciais, o empreendimento soma 84 apartamentos de dois e três quartos, com metragem entre 81 e 118 m². Com cobertura dedicada exclusivamente ao lazer e bem-estar, o Kóra terá academia com vista para a skyline de Curitiba – a 60 metros de altura – piscina aquecida, Espaço Gourmet com cozinha de apoio, pub e Espaço Parrilla, equipado para o preparo de assados argentinos e uruguaios, em uma parceria inédita com a Bull Prime, marca especialista em churrasco.

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