Poucos conhecem peculiaridades do meio ambiente e das possibilidades turísticas do Paraná quanto Renato Adur, ex-deputado estadual, um vigoroso incentivador também do polo vinícola paranaense.
O governador Ratinho Junior tem um grande aliado na imensa, difícil e ousada tarefa de modernizar o litoral do Paraná, transformando-o em modelo para turistas nacionais e internacionais. É o empresário e ex-deputado estadual Renato Guimarães Adur, 71, carinhosamente chamado de “Imperador das Ilhas” pelo vice-governador Darci Piana.
Renato é conselheiro na Casa Civil e, além de participar de discussões sobre assuntos da governabilidade, ele cuida das políticas voltados para o litoral, uma área de 101 quilômetros em linha, entre os estados de Santa Catarina e São Paulo, com grandes baías, rios, muitas ilhas, praias e espaços de preservação ambiental.
SÃO 257 ILHAS
Só de ilhas, como explica Adur, são 257, algumas no Oceano Atlântico e muitas no interior das baías de Paranaguá, Antonina, das Laranjeiras (Guaraqueçaba) e Guaratuba. E destas, 64 têm denominações, mas apenas 14 são habitadas, reunindo uma população em torno de 15 mil pessoas. Claro, há ilhas e ilhas. As mais charmosas, digamos assim, são a Ilha do Mel, uma referência nacional e internacional, a Ilha das Cobras, outrora colônia de recuperação de menores infratores e mais tarde residência oficial de veraneio dos governadores, a Ilha das Peças e a do Superagui, verdadeiros santuários, a curiosa Ilha dos Currais, que abriga um parque nacional marinho, e a da Cotinga, primeiro território paranaense ocupado pelos colonizadores.
VINÍCOLA E GOVERNO
Dias atrás, a coluna conversou com Renato Adur, que hoje se divide entre o governo do Paraná e a Vinícola Araucária, em São José dos Pinhais, da qual é sócio administrador. Seguem trechos da conversa:
Pergunta – Renato, como se deu esse envolvimento com o governo?
Resposta – Há muitos anos tenho um convívio muito bom com a família Massa, desde os tempos em que o Carlos Massa, Ratinho Pai, trabalhou como voluntário na minha primeira campanha para deputado estadual, em 1986. Depois, foi a minha vez de retribuir: ajudei na primeira campanha do Junior para deputado estadual e coordenei, em 2012, o trabalho dele para a Prefeitura de Curitiba. E na eleição para o Governo do Estado, em 2018, estive ao lado dele como conselheiro. E sempre como voluntário.
CONSELHEIRO E AMIGO
Pergunta – E a questão de ser conselheiro do governo?
Resposta – Bem, terminada a eleição do ano passado, o governador perguntou-me o que eu gostaria de fazer. Respondi que não almejava nenhum cargo, mas que estava disposto a ajudá-lo na administração do Estado. Por isso, passei a integrar um conselho na Casa Civil para tratar de alguns pontos e temas específicos, como no caso do litoral, e também de cooperar em assuntos de governabilidade, com orientações e sugestões para o sucesso do governo. E as coisas estão indo bem até agora, passados quase cinco meses desde a posse.
FONTE DE RENDA
Pergunta – Tratar da política do litoral não deve ser fácil. A região é bonita por natureza, mas tem problemas tem toda ordem. Qual é a sua linha de trabalho?
Resposta – O governador Ratinho Junior enxerga um bom futuro para a região e aposta muito no turismo e no desenvolvimento ambiental sustentável e ordenado como fontes de renda para a população. O governador quer modernizar o litoral, de tal forma a que ele possa ser moderno e receber turistas brasileiros e estrangeiros. Esse trabalho envolve várias secretarias e departamentos do estado, as prefeituras da região, a administração do porto de Paranaguá e Antonina, a Promotoria do Meio Ambiente de Paranaguá., a Paraná Turismo, o Sebrae, o Senac, a Assembleia Legislativa. É uma ação integrada. Faço uma espécie de coordenação: converso com tudo mundo, corro para cima e para baixo. E posso garantir que todas as pessoas envolvidas estão trabalhando com empenho e seriedade. Os desafios são grandes.
A ILHA DAS COBRAS
Pergunta – Há casos concretos desse trabalho? É possível perceber o que está sendo feito?
Resposta – Sim. O primeiro exemplo é o da Ilha das Cobras, na Baía de Paranaguá. Lá funcionou durante muito tempo a Escola de Pescadores Antonio Serafim Lopes, voltada para a internação de menores abandonados e delinquentes; depois transformada em residência oficial de veraneio dos governadores. Essa residência será transformada em escola de gastronomia e hotelaria para desenvolver os profissionais que atuam no litoral paranaense, como donos de restaurantes, pousadas, filhos dos donos, os nativos das ilhas. O local será reformado com verba do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Na casa serão ofertadas aulas de boas práticas para a preparação de pratos da culinária local e também voltadas para o atendimento aos turistas em pousadas e restaurantes da região.
EM NOVENTAS DIAS
Pergunta – Quando a escola começará a funcionar?
Resposta – Os trabalhos devem começar dentro de 90 dias, primeiramente com a reforma das instalações. Lembrei-me agora que o local também servirá para a formação de guias que contém detalhes da história do Paraná, com dicas de passeios em reservas naturais do Estado, exploração da Mata Atlântica e das bacias da região.
PARA ILHA DO MEL
Pergunta – Já que estamos falando em ilhas, e para as demais, o que está previsto? Para a Ilha do Mel, algum projeto?
Resposta – Pois é. Temos em nosso litoral nada mais nada menos do que 257 ilhas, das quais 14 são habitadas. A população delas gira em torno de 15 mil habitantes. As questões de saúde, ensino e parte do policiamento são de responsabilidade das prefeituras municipais. A ação conjunta da qual participo diz respeito ao turismo e à infraestrutura, como o transporte aquaviário e a sua regulamentação, construção de trapiches, preservação do meio ambiente. Temos de preparar as ilhas para que elas possam receber bem os turistas.
TRAPICHES
Estamos preparando a licitação de 14 trapiches, dois dos quais na Ilha do Mel (Encantadas e Nova Brasília). E estamos trabalhando nas condições de acesso, de atracação nas ilhas, promovendo a sinalização dos estreitos e geralmente desconhecidos canais para a chegada dos barcos.
QUESTÃO FUNDIÁRIA
Pergunta – A gente sabe que um dos problemas do litoral, e das ilhas especificamente, é a questão fundiária. Algum trabalho nesse sentido?
Resposta – Estamos em contato permanente com o Patrimônio da União, que no Paraná tem uma superintendência, para buscar soluções nesse sentido. Contamos também com o apoio de vários órgãos do governo e da Promotoria do Meio Ambiente de Paranaguá. Mais uma coisa: a regulamentação do transporte aquaviário, para fazer a ligação de Paranaguá, Pontal do Paraná e Guaraqueçaba com as ilhas, está em estudos e ainda terá de passar pela Assembleia Legislativa.
FESTA DA TAÍNHA
Pergunta – E como se trabalha na promoção do turismo?
Resposta – Agora em junho vamos ter em Paranaguá a 9ª Festa Nacional da Tainha, que faz parte da festa do pescador das ilhas do município. Estamos ajudando na promoção. Queremos que cada comunidade seja integrada ao desenvolvimento turístico e que possa oferecer boas práticas da culinária local, que possa receber os turistas com um trabalho profissional. A Secretaria da Comunicação Social e da Cultura, vale registrar, está fazendo um vídeo sobre o litoral para ser exibido aos turistas, seja nos barcos, nos restaurantes da Ilha do Mel e em outros espaços.
AS ILHAS HABITADAS
Pergunta – Em resumo: é possível melhorar as condições de vida no nosso litoral e particularmente nas ilhas?
Resposta – Olha, temos 14 ilhas habitadas no Litoral e o objetivo é fomentar o turismo nelas. Queremos melhorar a qualidade para o nosso turista, de outros estados e países. Preparar esse pessoal [os profissionais da região] para dar um atendimento de mais qualidade. Assim, cada órgão envolvido nessa ação conjunta está trabalhando para melhorar as condições de vida e da economia da região. Se me permitirem, quero destacar os esforços dos secretários Sandro Alex (Infraestrutura e Logística), Hudson José (Comunicação Social e Cultura), Waldemar Jorge (Planejamento), Mário Nunes (Meio Ambiente), presidentes da Sanepar (Cláudio Stábile), da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Fernando Garcia da Silva), da promotora Juliana Weber, do Ministério Público de Paranaguá.
Isso tudo demanda tempo, é claro, mas tem tudo para dar certo.

