
Informantes deste espaço fizeram soar o “alarme”: a sede social urbana do tradicional Clube Sírio-Libanês de Curitiba, localizada na Rua Padre Germano Mayer, no Cristo Rei, estaria sendo vendida.
E mais asseguravam as mesmas fontes, em tom alarmista: “a sede está sendo vendida na bacia das almas. E nem novos sócios estão sendo aceitos…”
Compradores seriam “especuladores imobiliários”, opinaram.
O alarme foi engrossado com a seguinte história: uma senhora, por exemplo, teria ido à justiça reclamando o direito de associar-se ao clube, até invocando que a instituição tivera um de seus ancestrais entres os seus fundadores. Sua pretensão, no entanto, fora vetada pelos diretores do clube “in limine”, fato que a coluna não conseguiu apurar quanto à sua procedência.
BOAS FONTES
O tom de suspeição gerado pelo “informe” inicial exigia, diante do inusitado alerta, imediato contato com boas fontes. E acabei descobrindo que o alerta continha apenas uma meia-verdade, ao ouvir – em off – dirigentes do Sírio Libanês. Eles pediram para ficar no anonimato, “para não engrossar ainda mais essas conversas de Matilde”, diz um deles, cujo avô paterno tinha nacionalidade síria.
MEIA-VERDADE
Meia verdade? Sim, pois há cerca de 6 anos o empresário Luiz Napoleão Carias de Oliveira ganhara oficialmente o direito de comprar a sede da Rua Padre Germano Mayer. E tentou fazer valer esse direito, com o que o clube, por alguma razão, não mais concordou.
Levada à justiça a questão, o Sírio Libanês perdeu a briga.
ACERTO FINAL
Qual a importância da sede do Sírio Libanês do bairro do Cristo Rei?
Do ponto de vista de dimensão do terreno, “não é grande coisa, mas apreciável”, assegura um engenheiro, sócio do clube, que estima ter 25 metros de frente por 45 metros de fundos, total de 1.125 metros quadrados. E área construída de 450 metros.
O terreno tem uma apreciável dimensão para eventual construção de edifício. “Mas nada de excepcional”, observa o mesmo engenheiro.
Por fim, houve um acerto entre as partes: o clube comprometeu-se, mediante documento público, a remunerar Luiz Napoleão em 15% do valor de eventual venda do imóvel, “ad futurum”.
REINA PAZ
Estabelecida a paz, nem por isso deixaram de circular rumores de que estaria havendo um “lento e seguro desmanche do quadro associativo”. A finalidade seria a de, ao cabo da quase anulação do quadro associativo, a entidade da colônia sírio-libanesa ser vendida.
Apressados analistas, garantindo que as coisas “se encaminham para isso mesmo”, aponta como bom indicativo do “desmanche do clube” o fato de apenas 130 pessoas comporem hoje o quadro de pagantes da entidade. Com direito a voto.
Por duas gestões o vereador Paulo Salamuni presidiu o clube, que ganhou, nos anos 1970/80 grande repercussão social com os bailes de debutantes promovidos por dona Lóris (Jorge) Marchesini.
O OPERÁRIO
Essa possibilidade de desmanche vem com alerta: “Veja o que aconteceu com a Sociedade Operário de São Francisco, e a Sociedade Barriqueiros do Ahú?”.
O Operário, parte da história do carnaval de Curitiba, comprado ao final do desmanche lá promovido, está fechando: “Aguarda o momento para dar lugar a um megaempreendimento imobiliário”, assegura advogado especialista em imóveis. Ele lembrando ainda o caso da Sociedade 21 de Abril, “que sumiu sem maiores satisfações”.
SEDE CAMPESTRE
Tentei contato com o novo presidente do Sírio Libanês, Eloi Cunha Pereira, eleito no final do ano. Não conseguiu contatá-lo.
De qualquer forma é importante que se registre: apesar dos 130 sócios pagantes, o Clube Sírio Libanês mantém uma preciosa sede campestre em Santa Cândida, superestrutura, ao lado do antigo centro administrativo do Banestado (hoje ocupado por secretarias e outros órgãos públicos). Lá são 100 mil metros quadrados de área, quatro alqueires, espaço com muitos serviços para os associados.
Mas ninguém duvide: deve haver muita gente de olhos na área, ideal para um condomínio horizontal, como adverte um jornalista da cobertura de clubes.