Luiz Manfredini, que já foi personagem de meu livro Vozes do Paraná, jornalista associado a grandes momentos da vida política do Paraná, estará consumando dia 17, das 18 às 21 horas, na Casa de Chá The Kettle (Prudente de Moraes, 836), trabalho enorme, lançando livro biográfico do escritor Wilson Bueno. O título é muito apropriado, denunciador de fidelidade ao biografado: “Pulsão pela Escrita”.
Bueno foi um dos personagens mais férteis da literatura paranaense. Nunca frequentou chacrinhas ou soldalícios, nem correu atrás da crítica.
Mas a crítica nacional de qualidade o reconhece como exponencial de nossa literatura. E isto basta.
A ampla pesquisa envolveu trabalho de quase três anos, patrocinada pela Binacional Itaipu, em que Manfredini ouviu dezenas de amigos, companheiros de infância do escritor, especialistas em literatura, familiares de Bueno e um sem número de observadores da vida e obra do autor de “O Mar Paraguayo”.
Aqui segue o texto da orelha do livro:
PLENA DE CONFLITOS
A pulsão pela escrita não é apenas uma boa história, mas narrativa emocionante, plena de conflitos humanos, amálgama de biografia, romance e jornalismo em torno da tormentosa vida e a obra singular do jornalista e escritor paranaense Wilson Bueno (1949/2010), um dos autores mais significativos e fascinantes da literatura brasileira.
CAMISA-DE-FORÇA
Evitando a camisa-de-força dos protocolos metodológicos, Luiz Manfredini conduz o leitor a um “olhar incondicionado, voo livre” sobre as aventuras e desventuras de seu personagem. Sempre com poesia e linguagem assertiva, apresenta um quebra-cabeça cujo resultado é composição surpreendente, onde a narrativa descreve idas e voltas, recortando assuntos, saindo de um ponto e a ele retornando sem perder o fio da meada. E desse arranjo virtuoso, emerge, cru, o perfil de um protagonista controverso e único, do criador talentoso, obsessivo cultor da palavra.
UM “VAGAU”
Wilson Bueno, escritor de múltiplas facetas. Ora um flâneur, um vagau, como dizia, colhendo aqui e ali, em andanças sem destino, a vida tortuosa dos marginalizados. Suscetível a influências, ora incorporava Jean Genet, em sua mitologia pessoal de escândalos e rixas, ora o libertino Arthur Rimbaud, vestes rotas, cabelos longos e desarrumados e o comportamento considerado ultrajante. Em seus últimos vinte anos de vida, sóbrio, fechou-se em recato, mostrando-se como um discreto e elegante cavalheiro vitoriano.
A pulsão pela escrita é, enfim, um voo acidentado e pungente, sobre a vida e a obra de um escritor que “não viveria, absolutamente, sem escrever”, e que se agarrava à literatura movido por uma pulsão vital, absoluta.