(por Antonio Carlos da Costa Coelho)
Eram os anos 40. O que hoje chama-se Detran, chamava-se, naquela década, Inspetoria de Trânsito. Ficava na Rua Barão do Rio Branco com a Avenida Visconde de Guarapuava, segundo informações de uma testemunha da Curitiba daqueles tempos. Lá trabalhavam o Marchesi, o Terésio, o Guerra com sua moto vermelha, terror da garotada sem carteira, o Bandeira, o Osório. A Inspetoria não deveria contar com mais de dez pessoas para realizar todo todo serviço.
Foi em 1942 que Carlos da Costa Coelho fez sua primeira carteira de habilitação para condutores veículos automotores. Carlos Coelho, tinha o veículo, mas não tinha a carteira. Segundo ele, já sabia dirigir há muitos anos, mas não podia fazê-lo em vias públicas.
Conta que chegou à Inspetoria numa tarde de verão e foi atendido por Marchesi, que logo foi perguntando: Sabe dirigir? Tem carro? ─ Então vamos, disse o inspetor ao novo candidato a motorista.
Coelho tinha uma Chevrolet 1934, baratinha, duas portas, capota metálica. O primeiro das dezenas de carros que o comerciante teve. Marchesi entrou no carro e disse, toca! Vamos ver se você sabe dirigir. Depois de algumas quadras rodadas, o inspetor perguntou: Sabe onde é a Ávila? ─ A casa da Ávila era uma das casas que compunham a zona do meretrício na área central de Curitiba. Ficava exatamente onde, hoje, está localizada a Igreja de Nossa Senhora de Guadalupe.
Marchesi e Coelho entraram. Foram atendidos pela própria dona da casa. Sentaram, pediram uma cerveja. Naqueles anos podia-se tomar uma cervejota sem medo. Não havia lei do bafômetro, nem mesmo quando se prestava exame para ser um condutor de veículos automotores. Ao sair, o inspetor quis pagar. A dona Ávila disse que era cortesia da casa.