Antenor Demeterco Junior (*)
Theodor Herzl (1860-1904), ao escrever o seu “O Estado Judeu”, referiu-se à Palestina como a nossa “inolvidável pátria histórica”. (p.67).
Neste pequeno livro, que deflagrou o moderno Sionismo, há o reconhecimento da nacionalidade judaica “pela fé dos nossos pais”. (p.104).
Em Jerusalém, Salomão construiu o Primeiro Templo para abrigar a Arca da Aliança, e ali foram, também, construídos o Segundo Templo e o Templo de Herodes.
A rocha no alto do Monte Sion teria sido o local onde Abraão ofereceu seu filho Isaac em sacrifício a Deus.
Para os muçulmanos, este filho seria Ismael, de quem eles descenderiam, e o Monte seria o ponto de onde Maomé teria ascendido ao céu.
![Monte do Templo em Jerusalém](https://muraldoparana.com.br/wp-content/uploads/2016/10/monte-do-templo-300x224.jpg)
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) não tem a missão de optar por esta ou aquela fé, como fez recentemente ao definir o Monte do Templo como exclusivamente muçulmano.
Tal conclusão, alheia à História, tem raízes mais profundas e meramente políticas: desvincular o Povo Judeu (nacionalidade e religião) do local, ou seja, negar as razões primeiras que levaram o mundo a possibilitar um retorno a Terra Santa, e, consequentemente, a criação de um Estado.
A ONU não deveria permitir que em seu seio conspire-se contra existência de um Estado membro, seja por meios diretos ou indiretos.
As palavras de Herzl deveriam ressoar em seus plenários: quando se acharem sobre o seu próprio solo, os Judeus não poderão jamais ser dispersados no mundo, pois enquanto a civilização não se desmoronar, a dispersão não poderá repetir-se (p. 137 de “O Estado Judeu”).
Nenhum povo merece ser jogado no mar, nenhum Estado pode ser extirpado do contexto das nações colocando-se sua Religião e seu local sagrado em cheque, em especial à sombra de uma organização cuja missão é zelar pela paz mundial.
Esta só se consegue, como demonstra a História, com respeito mútuo.
* ANTENOR DEMETERCO JR., pesquisador em História; desembargador emérito do TJ-PR