sábado, 8 fevereiro, 2025
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O monte do templo

Antenor Demeterco Junior (*)

Theodor Herzl (1860-1904), ao escrever o seu “O Estado Judeu”, referiu-se à Palestina como a nossa “inolvidável pátria histórica”. (p.67).

Neste pequeno livro, que deflagrou o moderno Sionismo, há o reconhecimento da nacionalidade judaica “pela fé dos nossos pais”. (p.104).

Em Jerusalém, Salomão construiu o Primeiro Templo para abrigar a Arca da Aliança, e ali foram, também, construídos o Segundo Templo e o Templo de Herodes.

A rocha no alto do Monte Sion teria sido o local onde Abraão ofereceu seu filho Isaac em sacrifício a Deus.

Para os muçulmanos, este filho seria Ismael, de quem eles descenderiam, e o Monte seria o ponto de onde Maomé teria ascendido ao céu.

Monte do Templo em Jerusalém
Monte do Templo em Jerusalém

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) não tem a missão de optar por esta ou aquela fé, como fez recentemente ao definir o Monte do Templo como exclusivamente muçulmano.

Tal conclusão, alheia à História, tem raízes mais profundas e meramente políticas: desvincular o Povo Judeu (nacionalidade e religião) do local, ou seja, negar as razões primeiras que levaram o mundo a possibilitar um retorno a Terra Santa, e, consequentemente, a criação de um Estado.

A ONU não deveria permitir que em seu seio conspire-se contra existência de um Estado membro, seja por meios diretos ou indiretos.

As palavras de Herzl deveriam ressoar em seus plenários: quando se acharem sobre o seu próprio solo, os Judeus não poderão jamais ser dispersados no mundo, pois enquanto a civilização não se desmoronar, a dispersão não poderá repetir-se (p. 137 de “O Estado Judeu”).

Nenhum povo merece ser jogado no mar, nenhum Estado pode ser extirpado do contexto das nações colocando-se sua Religião e seu local sagrado em cheque, em especial à sombra de uma organização cuja missão é zelar pela paz mundial.

Esta só se consegue, como demonstra a História, com respeito mútuo.

* ANTENOR DEMETERCO JR., pesquisador em História; desembargador emérito do TJ-PR

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