Agência DW – “Somos um Estado de direito, mas não podemos descartar isso. Suspender [o Telegram] seria muito sério e claramente o último recurso”, disse em janeiro de 2022 a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser. À época, a fala evidenciou a frustração e impaciência do governo alemão com o comportamento da administração do serviço de mensagens Telegram, que também entrou na mira das autoridades judiciais brasileiras no mesmo ano.
Nos últimos dois anos, o Telegram foi acusado rotineiramente por autoridades alemãs de não se adaptar às exigências da Netzwerkdurchsetzungsgesetz, ou NetzDG (Lei de Fiscalização da Rede, em tradução livre), que regula o combate à propagação de conteúdo extremista nas redes sociais e aplicativos de mensagens.
Criada em 2017, a lei estabelece a obrigação da remoção de conteúdos “claramente ilegais” em até 24 horas, a previsão de multas de até 50 milhões de euros em caso de descumprimento e a instituição de canais de denúncia. O texto mira especialmente redes sociais com mais de 2 milhões de usuários na Alemanha. Em 2021, uma emenda foi adicionada à lei, obrigando as redes a reportarem conteúdo ilegais específicos para a polícia federal alemã, como crimes contra o Estado democrático de direito e à ordem pública e pornografia infantil.
A ameaça de fechamento feita por Faeser ocorreu após o Telegram, que oficialmente tem sede em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, ter ignorado várias tentativas de contato por parte das autoridades do país europeu.
Na mesma época, o Telegram foi acusado pela classe política de não fazer nada para conter a circulação de mensagens que conclamavam o assassinato dos governadores da Saxônia e de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental. “Vai ser dificil encontrar os autores [das ameaças] se dependermos da cooperação do Telegram”, disse à época Christian Pegel, um dos membros do gabinete de governo de Mecklemburgo.