/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/c/d/VzNiW4TsmFC8SmcBNP3g/guimaraes-jaques-wagner-e-alexandre-padilha.png)
Linha de frente da articulação política terá os parlamentares Jaques Wagner no Senado e José Guimarães na Câmara, enquanto Padilha deve retomar antigo posto nas Relações Institucionais
O Globo
Com uma oposição fortalecida no Congresso após a eleição de outubro, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, escalou um time de parlamentares experientes para comandar a articulação política do novo governo. A tropa de choque será formada pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) e pelos deputados José Guimarães (PT-CE) e Alexandre Padilha (PT-SP) — que deve ser nomeado para o Ministério das Relações Institucionais.
Um dos nomes mais próximos a Lula, Wagner já assumiu esse papel antes mesmo de o novo governo começar, tomando a frente das negociações da chamada “PEC da Transição”, que passou pelo Senado, mas empacou na Câmara. Ex-governador da Bahia e já tendo ocupado diversos ministérios, incluindo a Casa Civil e a pasta da articulação política, Wagner é conhecido pela capacidade de diálogo e a boa relação com partidos e lideranças.
Para garantir os 64 votos de senadores para a PEC — 15 a mais do que o necessário —, falou em nome de Lula com cada um deles, até mesmo com aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL). Recebeu Romário (PL-RJ) e o líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), em seu gabinete e conversou com Flavio Bolsonaro (PL-RJ) sobre a PEC.
De acordo com petistas, Wagner teve aval do presidente eleito para tratar com parlamentares sobre eventuais espaços no futuro governo. Na quarta-feira passada, por exemplo, esteve no gabinete do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que já indicou a necessidade de Lula entregar cargos ao Centrão para que a PEC avance. No dia seguinte, recebeu os senadores Alexandre Silveira (PSD-MG), cotado para assumir o Ministério da Infraestrutura, e David Alcolumbre (União Brasil-AP).

PRESSÃO
Mesmo com a confiança que Lula lhe deposita, Wagner deve ficar de fora da escalação da Esplanada dos Ministérios. A nomeação do primeiro escalão deve tirar da base do Senado alguns aliados importantes de Lula, como os senadores eleitos Flávio Dino (PSB-MA), já anunciado para a Justiça, e Camilo Santana (PT-CE), cotado para chefiar o Ministério da Educação no futuro governo, além do senador Alexandre Silveira. Jaques Wagner tem dito que acredita ser mais útil a Lula no Senado, onde deve ocupar a posição de líder do governo.
— Apesar de tantas opiniões eu prefiro me manter na Casa, que é a casa da política, a casa que constrói o país. Aqui como a Câmara dos Deputados — disse ele, em discurso no início do mês.
Na Câmara, Wagner tem dividido as negociações da PEC com Guimarães, que deve assumir a liderança do governo na Casa. É o deputado quem tem acompanhado Lula nas conversas com Lira e tenta mediar as exigências do Centrão. Prestes a assumir seu quinto mandato consecutivo como deputado, Guimarães tem sido pressionado de todos os lados.
Enquanto negocia com líderes de bancada os votos à medida, tem que lidar com a insatisfação de correntes de esquerda do PT, que ameaçam romper com Lira e ir para o enfrentamento. O partido declarou apoio à reeleição do presidente da Câmara.