quinta-feira, 26 junho, 2025
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CRIMES, VINGANÇAS, FRAUDES NA VIDA DA GUARDA (PARTE 2)

Um velho padre que por anos celebrou missas na Igreja do Rosário, Setor Histórico de Curitiba, anos 1970/80, quando conheceu o então “piedoso” jovem Rafael Valdomiro Greca de Macedo, foi definitivo, na semana, ao penalizar algumas das decisões administrativas do alcaide:

– O Rafael, quando partir desta vida, certamente pegará um Purgatório, pelo menos. Pelo menos…

GM Jefferson Tosatti: servidor exemplar foi exonerado da Guarda

O jesuíta, bem humorado e crítico, autor dessa observação, localizado pela Coluna em outro Estado, homem bem passado dos 80 anos, recordou, assim, um dos dogmas (são 44, parece-me) da Igreja Católica: a existência, além dos Paraíso e Inferno, de um lugar de purgação do pecador após a sua morte. O Purgatório estaria, assim, reservado a cidadãos e cidadãs nada exemplares… Caso de Greca?

Para mim no puro terreno da sociedade civil, dentre as muitas barbaridades cometidas pelo atual prefeito, uma das mais graves é a forma despótica como exercita, através de alguns de seus mais afiados “olhos e ouvidos” (sátrapas!) uma política de apadrinhamentos e vinganças. Tal como o faz por meio de seus apaniguados na Guarda Municipal de Curitiba (GM).

Isso sem contar o aparelhamento que Greca fez em organismos vitais da Prefeitura, como Procuradoria do Município, IPPUC, URBS, Fazenda, o setor de Inteligência da PMC, FAS, IMAP, SMOP… E não esquecer do aparelhamento da chamada “tenda jurídica”, composta por advogados com altas remunerações, que depois se deslocarão para a campanha de Greca. Esse mesmo papel está reservado a especialistas jovens da TI, que fazem a “Tenda Digital”.

CINCO VIATURAS, 30 GUARDAS

Esse grupo, que foi atuante na campanha anterior de Greca, é especializado em intrigas, maldades e maledicências pelas redes sociais.

A GM tem justificadas preferências do alcaide, pois cinco viaturas, 30 homens e mulheres servem 24 horas por dia ao prefeito e à chamada primeira dama, vigiando seus patrimônios imobiliários em Curitiba e Piraquara (na chácara São Rafael, aquela dos móveis da Casa Klemtz).

Além disso, eles servem de amparo e segurança ao casal que, idoso, tem dificuldades de locomoção (ele, mais, em função da obesidade mórbida).

FRAUDE NAS HORAS EXTRAS

Na edição de ontem, 28, citando diversas fontes, a Coluna relatou, por exemplo, o caso clamoroso das fraudes (roubo, na verdade, falando o bom português) do erário municipal praticadas por dois dos mais importantes nomes da Defesa Social de Curitiba e da Guarda Municipal (GM), os inspetores Odgar e Carlos Celso. Bem assim como a perseguição sem limites que eles promoveram a guardas expulsos este ano, especialmente a Jeferson Tosatti (foto), servidor exemplar. As fraudes de Carlos Celso e Odgar ocorreram entre 1997/99 e, embora “premiadas” com mera ordem de ressarcimento aos cofres públicos de míseros R$ 1 mil, no todo, não podem ser esquecidas, ou lamentavelmente “perdoadas”, como o foram, pela generosidade da Procuradoria do Município de Curitiba de então em 2004.

Sou daqueles que acreditam, como Tomás D’Aquino, que na vida tudo tem de ser medido. O bem e o mal têm também de ser mensurados. E defendo que o escândalo do silêncio em relação ao passado de quem pratica malfeitos é um crime sem tamanho.

Greca acoitou e deu poder a Odgar, aquele que o acompanhava nas missas dominicais, antes da pandemia. E Carlos Celso, de rebote, continuou poderoso no serviço da GM, inseparável que é de Odgar. Este é por alguns guardas e inspetores apelidado de “Gaúcho Ruim”, tal fúria, dizem, com que pune seus adversários.

Fraudes, crimes, mentiras, infrações à ética não prescrevem (vide o caso do tristemente ministro Decotelli, o dos currículos falsos, que foi sem jamais ter assumido o MEC).

Tribuna de 21 de abril de 1989 registrando a demolição arbitrária

NA CASA DOS AVÓS E NOS TIROS DE 1989

No caso do ex-guarda Tosatti, como mostrei, houve antecedentes de animosidade entre ele o poderoso superintendente da Guarda, Carlos Celso, a quem o Tosatti citou, ao se defender na Procuradoria do Município. Disse ter atendido com sua patrulha do GOE da GM, a pessoal interesse do majorengo (numa vistoria da GM na casa abandonada dos avós de Celso).

O assunto, que não poderia vir a público, virou peça essencial para entender um castigo que se engendrava e consumado na expulsão do guarda. É o que tudo indica.

A longa e forte amizade de Odgar e Carlos Celso remonta a 1989, dias da primeira turma da GM, “tempos em que a Guarda tinha apenas 5 revólveres 38”, explica um historiador curitibano instalado em sua sala na UFPR, apesar da pandemia. “Sempre foram corda e caçamba, amigos no certo e no errado”, sentencia uma testemunha do episódio que segue:

Na primeira grande ocorrência atendida pela GM, em 20 de abril de 1989, a Guarda foi acionada pela Prefeitura para fazer desocupação supostamente ilegal de um imóvel no bairro Boa Vista. Quatro guardas municipais – Carlos Celso dos Santos Junior, Carlos Alberto dos Santos, Francisco Cândido Naldony e Odgar Nunes Cardoso foram ao local citado, em apoio a fiscais do setor de patrimônio da Prefeitura.

As informações disponíveis indicam que guardas e fiscais começaram, sem mandados judiciais a destruir a construção que os irmãos Assumpção ergueram no local. Havia seis anos que os irmãos estavam lá.

Foto: Pedro Ribas / SMCS

ERAM PROPRIETÁRIOS

Não adiantou os Assumpção mostrarem que eram donos legais do imóvel. Tiveram de reagir com facão e um pedaço de madeira – à arbitrariedade da GM. Os irmãos Assumpção não tinham armas de fogo e resistiram a uma multidão de GMs e fiscais. Dos guardas, só dois estavam armados, Odgar e Francisco Cândido Naldony, segundo testemunham veteranos da GM, assim como moradores que viram o espetáculo de força. O resultado não foi bom para ninguém: Odgar, numa manhã, dias depois do episódio, em surto de arrependimento, teria (é condicional) bradado:

“Atingi o Cândido Naldony”. Este, ferido, viria a morrer dias depois vítima de disparo que poderia, apenas ter sido feito por arma de dois guardas – dele mesmo, Naldony e a de Odgar.

Odgar negou, mais tarde, ter atirado em alguém. Mas os tiros ficaram por lá, mataram Naldony mais tarde, e feriram os irmãos Assumpção. Outros feridos, além de Carlos Celso e Odgar (com meras escoriações) foram Carlos Alberto Santos, e o operário Silvio Chagas (que perdeu parte de um dedo, possivelmente por golpe de facão). Os irmãos Assumpção foram amplamente absolvidos pela Justiça e seus direitos reconhecidos, meses depois das primeiras ações atrabiliárias de Carlos Celso e Odgar.

TIRO DE “ALERTA” NO PARQUE SÃO LOURENÇO

Essa sucessão de malfeitos não elimina o bom papel que a GM tem exercido em Curitiba desde 1988. Mas os escorregões – que refletem a liderança que comanda a Guarda – continuam na administração Greca de Macedo: na semana passada, um guarda municipal da Regional da Boa Vista deu tiro em direção a um grupo de jovens ciclistas no Parque São Lourenço. Eram 15h30 da tarde.

O fato do São Lourenço, bem documentado, pode acabar gerando a expulsão de Max Allan, o imoderado guarda. Enquanto isso, Odgar (que felizmente se recupera da Covid-19) e Carlos Celso posam como cidadãos eficientes e acima de qualquer suspeita.

Tempos de Rafael Valdomiro Greca de Macedo.

(CONTINUARÁ)

CRIMES, VINGANÇAS E FRAUDES NA VIDA DA GUARDA (PARTE I)

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