A vocação, o amor, o sucesso, a riqueza.
Por Marcial Carlos Ribeiro (*)
De uma fábula: três senhores bateram na porta de um casal. A senhora abriu e foi conversar com os senhores e perguntou quem seriam. Eles responderam: somos o sucesso, a riqueza e o amor. A senhora entrou em casa para falar com o marido e este concordou com a entrada do sucesso, a senhora com a riqueza, e uma criança que tudo ouviu, preferiu o amor. Venceu a vontade da criança e a senhora voltou com a conclusão. O amor se colocou à frente, mas olhando viu que os outros caminhavam juntos. Talvez aqui a explicação para a vocação e os seus resultados.
Há dias recebi visita de um jovem que me impressionou. Eu estava vivendo um período sem inspiração. Ao contrário, faltava-me o estímulo para continuar a expor minhas proposições de vida.
O jovem é filho adotivo, mãe biológica, utiliza o nome do pai e impressionou-me pela sua vocação que definiu com precisão: trabalhar com alegria e ter o sentimento de vencedor. Ele expressa alegria, vontade de viver com um só objetivo: exercer a sua vocação. A vocação pode ser inata ou adquirida ou decorrerá da vida.
Felizes aqueles que exercem a sua vocação no seu trabalho. O trabalho vocacionado é produtivo, traz melhores resultados, é componente indissociável da felicidade. São felizes e tornam felizes os que dependem do seu trabalho. Assim isso pudesse ser de todos. O mundo seria outro. Pode-se falar que seria o paraíso terreno.
Escrevo e escrevi meu livro baseado em vocação. “Um sonho que definiu a minha vida” representa a aplicação de uma vocação.
Quando fui obrigado a abandonar meu trabalho passei por momentos que não desejo a ninguém, sensação de desconforto, depressão incalculável, pensamentos quase irracionais, esperanças que morrem. Uma luta para voltar a viver e a produzir algo que seja útil. Ou seja, executar a vocação.
Quando encontro pessoas como a referida acima, o estímulo para escrever retorna. Pude ver na personalidade daquele jovem a alegria, o sentido da vida de quem exerce a sua vocação. Ela será acompanhada pelo sucesso na vida e a conquista de seus objetivos. Agradeço a sua presença como um enviado para me trazer o estímulo que me havia abandonado.
Vivemos momentos terríveis, formas de vida abomináveis, onde o importante, não importando a fórmula é o financeiro. A corrupção sempre existiu, desde tempos imemoriais, em todos os impérios que nos precederam, embora em nosso país tenha sido devastadora, impedindo um crescimento sustentável. O Brasil sempre foi esperança para outros povos pela justificativa de que possuímos as riquezas naturais que nos colocavam como o país do futuro. Oxalá possamos retornar a esperança de um futuro melhor para nosso povo sem distinção de raça e de credo, apenas do encontro do caminho fértil da felicidade. Isto não é um sonho, é uma possibilidade que depende de todos. Vamos racionalizar e dar a nossa contribuição ou viveremos apenas o sonho.
(*) MARCIAL CARLOS RIBEIRO hepatologista, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, ex-diretor do Hospital São Vicente, Instituidor da Fundação de Estudos das Doenças do Fígado (Funef)