
Caro jornalista:
Venho através desta manifestar minha angústia, a mesma de muitas pessoas que trabalharam no Hospital Universitário Evangélico de Curitiba – SEB -: fui empregado no HE período de 2009 a 2014 sem receber 1 centavo de FGTS, salários atrasados, plantões mal pagos, vale alimentação atrasados. Situação de inúmeros colegas também espoliados, nós que tanto demos à comunidade e à SEB, trabalhando com enormes dificuldades de equipamento e material, tudo para que os serviços não parassem. Nosso objetivo primeiro foi sempre atender à população daquele hospital que serve 90% de sua clientela pelo SUS.
MANDADOS EMBORA
Mas bastou, saindo da SEB (2014) com a onda de funcionários sendo mandado embora devido à crise instalada pela má gestão (tempos especialmente de André Zacharow, com quem iniciou o caos no hospital), começou nossa batalha. Vimos a dificuldade que teríamos para receber, muitos prejuízos por não poder sacar FGTS, não conseguir resgatar o seguro desemprego, multa e salários sem receber passando por dificuldades, até chegar ao ponto de emprestar dinheiro da família para me manter.
MEU PROCESSO
Foi então que entrei com processo trabalhista (2015) e sabia das dificuldades que viriam. Mas não as esperávamos tão grandes.
Desde início todos fomos arcando com despesas. De minha parte, apostei na defesa de meus direitos. Nunca imaginei, no entanto, na “cruz” que enfrentaria, com a longa demora da Justiça.
Com a notícia do Leilão (2017) todos ficamos animados pois era uma chance de ter nossos direitos por lei adquiridos conforme promessa da Justiça do trabalho, todos falando daquilo que seria uma boa nova.
LEILÃO DA ESPERANÇA
O que ocorreu foi que após 4 anos, na 1º fase do Leilão (17 de agosto de 2018) e 2º fase (28 de setembro de 2018 quando o HE foi arrematado por R$ 215.050.000,00). Esperava-se que o leilão resultasse como objetivo principal liquidar esses processos trabalhistas conforme edital previa. Não ocorreu assim: logo percebemos, os reclamantes esbulhados em seus direitos, que teríamos outra batalha, a da espera. E assim anos se passam e nada acontece.
QUASE DESISTINDO
Todos os ex-funcionários litigantes na Justiça do Trabalho estão abatidos, o desânimo afeta a todos com os quais tenho contato. Eles, como eu o faço, sempre questionam seus advogados, sem sucesso; passa mês, passa ano e ficamos de mãos atadas sem poder recorrer contra essa impunidade e injustiça.
Hoje, por exemplo, (11/02/2020), não temos nenhuma notícia ou garantia de que esse processo pode ser resolvido. Isso a despeito das constantes indagações aos nossos advogados.
Os advogados não têm informações claras de como estão as ações. E já se passaram 6 anos desde que deixei a SEB; e passou 1 ano e 5 meses do leilão e também nada aconteceu.
Eu e todos os demais reclamantes queremos o que é nosso direito prevaleça. Esperamos que a lei se cumpra na Justiça do Trabalho.
Justiça lenta não é justiça.
ACOMPANHE O LINK
Link com a matéria da gazeta após leilão: https://tinyurl.com/t42mfgm
-o-o-o-o-o-
DESPACHO DE 2019
No despacho abaixo de 2019 também achamos que receberíamos esse valor ilusório, mas nem isso foi pago.
“DESPACHO
- Ante a certidão Id 4d8f957 de que não consta, até o presente momento, saldo nas contas judiciais – decorrente dos depósitos realizados pela arrematante IPM -, suficiente para a transferência de R$-10.000,00 para cada processo com crédito trabalhista consolidado superior a este valor, reconsidero o item “11” do despacho Id e0c3719 para reduzir para R$-5.000,00 o valor a ser pago, nesse momento.
- Realizadas as transferências, solicitem-se aos MM. Juízos do Trabalho de Curitiba para procederem a liberação aos credores, mediante guia de retirada ou alvará.”
Link de alguns dos processos da Justiça do Trabalho e da Cível:
(https://pje.trt9.jus.br/consultaprocessual/detalhe-processo/00022138720145090009) e (https://projudi.tjpr.jus.br/projudi_consulta/) NUMERO 0010430-60.2018.8.16.0001.
RY, Curitiba, ex-funcionário do Hospital Evangélico à espera de justiça e que os advogados sejam claros, objetivos, com seus clientes…

-o-o-o-o-o-
INDENIZAÇÕES DO EVANGÉLICO (2)
Caro Prof. Aroldo,
É com grande frustração que venho através desta apresentar os verdadeiros fatos e consequências sobre todas as pessoas trabalhadoras que foram lesadas em seus direitos trabalhistas e ainda estão sem uma esperança de solução de seus pleitos sobre os anos de serviço no antigo hospital Evangélico, agora Mackenzie.
São inúmeras pessoas que estão de mãos atadas esperando por anos a solução de seus processos trabalhistas. No entanto, esperava-se que seriam solucionadas com o Leilão do Hospital Evangélico.
DESDE 2013 ESPERANDO
Na verdade, eu, FT (peço anonimato), e muitos outros, não recebi as indenizações que estariam destinadas a nos ressarcir.
Para detalhar os fatos: entrei na justiça no início de 2013 e jamais fiquei sabendo ao certo o que acontece com o meu processo; ano após ano, diversos advogados informavam que havia indícios “que no ano vigente o processo será concluído.” No entanto, hoje, nem isso comentam mais.
MUITA EMBROMAÇÃO
No decorrer de tantos anos, houve diversas citações judiciais (que não posso comprovar) envolvendo falta de competência, gestão, mudanças de juízo e sentença, brigas políticas, etc., enfim, zero resoluções.
Tanto que houve, por um certo tempo, uma pseudo-solução: prometia-se pagar inicialmente somente o FGTS dos reclamantes, não importando o ano de entrada do processo (pessoalmente acho um absurdo), mas nem isso foi efetivado.
NINGUÉM EXPLICA NADA
É estranho ver tantos processos parados sem sabermos o real motivo e porque estão aguardando por tanto tempo! A Justiça não dá explicações.
Penso que se ainda mesmo devagar os casos estivessem sendo concluídos, haveria esperança. Mas não: todos os reclamantes junto à Justiça do Trabalho continuam sem informações e sem indenizações a que têm direito.
HOUVE ALGUNS PRIVILEGIADOS
É notável que o leilão que resultou na assunção de nova mantenedora do Hospital Evangélico de Curitiba (vencido pelo Instituto Mackenzie) não tenha atendido aos processos trabalhistas. Ninguém foi pago na área trabalhista dos ex-empregados do HE. E é surpreendente ter indícios que após a venda (para os processos trabalhistas) há um conflito com questões da justiça civil.
E vou além: no entanto, os trabalhadores ativos do Hospital Evangélico Mackenzie, que estavam com seus FGTS atrasados, tiveram seus saldos ajustados com o dinheiro do leilão (conforme entrevista na Gazeta do Povo) (https://tinyurl.com/t42mfgm)
“ISSO É LAMENTÁVEL”
Isso é lamentável, injusto, porque, ao contrário dos que – como meu caso – recorreram à Justiça do Trabalho -, esses empregados privilegiados jamais haviam recorrido à justiça para pedir tais pagamentos… Aceitar injustiças, calados, parece ser a ordem…
A respeito ainda da situação envolvendo o Hospital Evangélico, ficam algumas dúvidas: como pode uma quantia de R$ milhões não ser paga a ninguém que havia aberto processo trabalhista?
Por que antes do leilão os processos estavam sendo resolvidos e após a venda não? Por que há tanta mudança de juízo mas isso não resulta nenhuma conclusão?
FT, Curitiba, ex-funcionário do Hospital Evangélico, quase desistindo de acreditar que há justiça do Trabalho neste Brasil.