Colaboração de André Nunes (texto e fotos)
Dúvida até às 21h, quando uma liminar do TRE-PR permitiu sua participação no debate da Band Curitiba, na noite fria desta quinta (16), o comunicador de televisão Ogier Buchi acabou roubando a cena em meio a apenas um confronto direto entre Cida Borghetti (PP) e Ratinho Junior (PSD).
Ao todo, Buchi foi oito vezes questionado, seguido por Cida (sete vezes). Dr. Rosinha (PT), Professor Piva (PSOL) e João Arruda (MDB) tiveram quatro questionamentos cada, ficando Ratinho com a “lanterna” da noite: apenas três vezes foi inquirido pelos demais candidatos. O formato era de perguntas livres, em cinco blocos, mediado pelo jornalista Douglas Santucci.
PRIMEIRO A CHEGAR
Ogier Buchi foi o primeiro a chegar na TV Band, às 20h10, aguardando por quase uma hora em uma sala a confirmação de sua participação. Depois, apresentou a certidão de sua candidatura e seu partido, o PSL de Jair Bolsonaro, que quer desistir da disputa para apoiar Ratinho Junior.
RATINHO: ÚLTIMO
Por sua vez, Carlos Massa Junior chegou uma hora depois (foi o último candidato a adentrar a Band). Ao falar com a imprensa, agradeceu o apoio de Bolsonaro, citou que seu partido está na coligação de Geraldo Alckmin, mas enfatizou seu apoio a Alvaro Dias (Podemos), “pela trajetória política e atuação como paranaense”. Ponderado, Ratinho também disse não se pautar em pesquisas, “retratos de momentos”, e que confia na experiência de seu vice, Darci Piana, da Fecomércio, “escolhido pela trajetória e capacidade técnica”.
“EXPECTATIVA BOA”
Às 20h50, a governadora Cida Borghetti chegou na TV Band em meio a sinalizadores e bandeiras de seus apoiadores, num clima de “torcida organizada”. O vice, Coronel Malucelli, a acompanhava, além do marido, o ex-ministro Ricardo Barros, da filha Maria Victoria e do genro, Diego da Silva Campos.
Com crachá de assessor, Barros disse que a expectativa era boa e que Cida vai “manter o que é bom para o Paraná”. Ao final do debate, o marido da governadora reafirmou sua impressão e disse que Cida seguiria em viagem pelo interior do estado nesta sexta (17).
INDEPENDENTE
Segundo candidato a chegar, pouco depois das 20h, João Arruda veio acompanhado da esposa e do tio Roberto Requião (que chegou meia hora depois, sem falar com a imprensa, dando apenas uma saudação indígena peculiar). Sobre o tio e a herança requianista, Arruda foi pragmático e diz ser “independente” em sua atuação, como foi nos mandatos de deputado federal. Ressaltou os 7% da primeira pesquisa, já que até agora “pouco se apresentou ao eleitor paranaense”. Perguntado se apoiaria Cida no 2º turno, devolveu com confiança: “ela é quem vai me apoiar”.
TRAIÇÕES E ATAQUES
João Arruda também destacou que a pré-campanha dos adversários foi marcada por joguetes e traições de bastidor que derrubaram outros candidatos da disputa. “Osmar Dias não foi candidato por um jogo sorrateiro, de facada nas costas. Além disso, queria que o candidato Jorge Bernardi estivesse aqui. Cuidado, Ogier, já derrubaram um e vão atrás de você também”, alertou.
“VERMELHOS”
Os candidatos “vermelhos”, porém, não pegaram leve com Arruda: fizeram questão de lembrar que ele “é o candidato de Temer”, que votou pelo impeachment de Dilma, reforma trabalhista e PEC do Teto de Gastos. Piva ironizou: “se repetir o modelo de Temer no Paraná, vamos ter saudades de Beto Richa”. Arruda replicou que, com os ataques a ele, Rosinha e Piva estavam ajudando “os candidatos de Richa” e a chegarem ao 2º turno.
RICHA MUITO PRESENTE
Beto Richa (PSDB) não esteve presente no debate, mas foi um dos nomes mais citados durante toda a noite. Rosinha, Piva e Arruda buscavam o todo tempo associar Ratinho e Cida ao ex-governador, enquanto ambos se abstiveram de defender a atuação do tucano. Menções à Operação Quadro Negro, que apura desvios em obras de escolas estaduais no Paraná, além do trágico 29 de abril (quando houve confronto entre PM e manifestantes durante a votação de um pacote de austeridade na Alep), também foram recordados pelos oposicionistas.
ANTICORRUPÇÃO
Cida buscou relatar os feitos de sua gestão, iniciada há 120 dias. Falou que “gosta de cuidar das pessoas”, destacou a nomeação da Coronel Audilene como primeira mulher no comando da PM e a criação de uma delegacia especializada em anticorrupção. Por sua vez, Ratinho também destacou sua atuação como secretário, mas não citou Richa. Dentre suas propostas, falou mais sobre agronegócio, segurança pública; disse representar “o novo” e uma ruptura na política paranaense, “dominada pelas mesmas famílias há 30 anos.”
BOA NOITE, LULA
O debate ainda contou com referências ao ex-presidente Lula. Em sua fala de abertura e em suas considerações finais, Dr. Rosinha saudou o ex-presidente com um “boa noite”. Do lado de fora, militantes faziam gritos de “Lula livre”. Estavam presentes em sua entourage a vice na chapa, Anaterra Viana, a candidata ao Senado, Mirian Gonçalves, a vereadora professora Josete e o deputado Zeca Dirceu. Rosinha disse que, se eleito, faria um “governo treze ponto zero”. Não levou, porém, aparatos eletrônicos para o debate, disse ser “das antigas” e confiou na memória.
CONTRA RATINHO JR.
Seu maior embate acabou sendo com Ratinho Jr. a quem, ironicamente, chamou de Beto Richa. Na réplica, o ex-secretário disse que Rosinha “com suas barbas brancas” não devia “fazer brincadeiras num debate sério”. O petista ressaltou que “faz um alerta aos eleitores, já que sua barba branca o ensinou a reconhecer candidatos com propostas e apresentações parecidas”.