Por André Nunes – Assisti hoje (1º de setembro) à cabine virtual do filme 3 Obás de Xangô, escrito e dirigido por Sérgio Machado, que celebra a antológica amizade entre Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé. Os três se tornaram grandes parceiros e dividiram a paixão pela Bahia, além de uma forte conexão com o Candomblé.
Obá de Xangô é um título honorífico do Candomblé criado no Ilê Axé Opô Afonjá por Mãe Aninha em 1936. Esses títulos honoríficos de doze Obás de Xangô, reis ou ministros da região da Nigéria, são concedidos aos amigos e protetores do Terreiro. Jorge Amado, Caymmi e Carybé fazem parte desse seleto grupo e receberam os títulos de Obá Arolu, Obá Onicoi e Obá Onansocum, respectivamente.
Com estreia no Festival do Rio 2024, a trajetória do filme até aqui vem sendo merecidamente premiada: vencedor do Grande Otelo de Melhor Longa-Metragem, também foi eleito melhor filme, pelo Júri Popular, na Mostra de Cinema de Tiradentes, além de ganhar o Redentor de Melhor Documentário no Festival do Rio e, na Mostra de São Paulo, o Prêmio do Público de Melhor Documentário Brasileiro.
Sem exageros, é possível dizer que a identidade baiana nos séculos 20 e 21 foi compilada em verso, música e arte por estes três Obás de Xangô. Tanto que suas obras ainda ecoam décadas após seus falecimentos, ou melhor, encantamentos.
Com belas imagens de arquivo dos três personagens retratados, o filme nos brinda ainda com passagens de figuras como Zélia Gattai, Mãe Menininha do Gantois, Mãe Stella de Oxóssi, Gilberto Gil, Muniz Sodré, Lázaro Ramos, João Jorge, Itamar Vieira Jr., Goli Guerreiro, Dori Caymmi, Danilo Caymmi e outros.
A Sérgio Machado, nosso agradecimento enquanto brasileiros por essa obra audiovisual, verdadeiro legado para a posteridade sobre a brasilidade e baianidade. Kaô Kabecilê!
Sinopse
“3 Obás de Xangô” gira em torno da amizade incondicional de Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé, artistas que foram os maiores responsáveis pela criação de um imaginário de baianidade que persiste até os dias de hoje. Os três defendiam que a força de suas obras residia em documentar o que viam nas ruas: a resiliência do povo do candomblé, o poder das mulheres, a onipresença do mar.
Os livros de Jorge, as canções de Caymmi e as pinturas e esculturas de Carybé consolidaram “um modo de estar no mundo” dos baianos e influenciaram as gerações de artistas que vieram a partir deles.