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A experiência na busca pela justiça

Assessoria – Não foi por acaso que a advogada curitibana Margareth Zanardini escolheu a área de Direito da Família para se especializar. Além de ter vivido experiências difíceis na infância, em seus mais de 42 anos dedicados à advocacia, ela acumula exemplos de injustiças sofridas, principalmente pelas crianças, quando o assunto é a dissolução da família.

Filha do meio de três irmãos, ela viu seus pais se separarem quando completou 9 anos de idade. Ela e o irmão, três anos mais novo, foram morar com os avós paternos. A acolhida teve dificuldades e muito aprendizado. “Nós dormíamos em uma espécie de paiol, sem banheiro e em meio a ferramentas do meu avô”, lembra.

Com as dificuldades veio a superação. Mesmo tão jovem, ela precisava cuidar do irmão mais novo e dar a ele a sensação da boa convivência familiar. Passou os anos tentando oferecer boas experiências ao menino, focando nos estudos e alimentando sua fé. Buscou a mesma dedicação que fez com que, aos 5 anos de idade, aprendesse a ler sozinha em um livrinho de orações.

Quando chegou ao Ensino Médio, teve o seu primeiro contato com o Direito, em uma aula que fazia parte da grade curricular do curso de Técnico de Contabilidade. “Eu gostei tanto que na hora de escolher um curso para a faculdade, não tive dúvidas. Era a minha chance de estar mais perto da Justiça”, conta.

Nos primeiros anos da faculdade, trabalhou com importantes nomes do Direito Criminal em Curitiba, como Dálio Zippin Filho e Lair Ferreira. Gostou tanto, que cursou especializações em Ciência Penal e Filosofia do Direito. Estudar a fundo cada tema trabalhado está entre suas principais características. “Eu adoro estudar. Eu nunca acho que isso é trabalho. Estudo da hora que acordo até a hora de dormir e sempre foi assim”, diz.

Esse desejo por aprender mais e mais foi ainda mais forte quando terminou a faculdade. Aos 24 anos, ela decidiu montar o próprio escritório e nem a dificuldade de encontrar fiador a abalou. “Eu sempre quis trabalhar sozinha. Não queria sócio e nem queria ser a mulher que trabalha ‘com’”, salienta. No início do escritório, contou com o apoio do seu ex-professor Rui Barbosa Corrêa Filho.

Advocacia combativa

Ser mulher em uma área majoritariamente masculina também a ajudou a manter sempre a cabeça erguida, mas em alguns casos, não pode deixar de se abalar. Como na vez em que conseguiu a liberdade de um homem que já havia tido quase uma dezena de advogados, sem sucesso.

No entanto, quando o caso ia ser julgado definitivamente, o pai do acusado a dispensou porque não queria que o filho fosse representando por uma mulher. “Eu costumo dizer que advocacia não tem órgão sexual. Exercemos nosso trabalho com a inteligência e não com o gênero”, reforça.

Com o tempo, Margareth foi fortalecendo ainda mais os seus princípios e tornando sua advocacia cada vez mais combativa. Dedicada à vida profissional, decidiu adiar a maternidade e teve suas filhas gêmeas, Greycehely Margareth e Margarethly Greycedag, no segundo casamento. Atualmente, tem também um filho afetivo, Theo, de 7 anos, que lhe dá cada vez mais inspiração para buscar soluções justas para as famílias que decidem se separar.

O cuidado e atenção com as crianças nos casos de divórcio que atende é tanto, que ela decidiu montar um espaço kids dentro do próprio escritório, para que as crianças brinquem e se distraiam sem ter que escutar o atendimento, já que muitas vezes os momentos de consulta também são acompanhados por muita emoção e desavenças.

“Meu objetivo sempre foi preservar os filhos da instabilidade emocional dos pais. O momento de divórcio é muito delicado. Os pais não têm consciência do quanto abalados estão e começam a fazer coisas prejudiciais às crianças”, diz.

Para evitar esse tipo de situação, Margareth desenvolveu várias técnicas de atendimento ao longo de suas mais de quatro décadas de carreira. Formada em 1980, ela abriu o seu primeiro escritório em 1981, no Centro da capital paranaense. Hoje, seu escritório está montado ao lado da casa onde mora, numa das áreas mais nobres de Curitiba, ajudando centenas de famílias a encontrarem a melhor solução para suas decisões.

“Ainda que indiretamente, os filhos são punidos pela separação dos pais. Eu sofri tanto com a dissolução da minha família que minha meta sempre foi evitar que outras crianças passem por isso”, salienta.

Para isso, ela está expandindo o escritório, contratou mais dois advogados e está montando uma filial em Brasília. Além do Direito de Família, vai implantar também a área de Regularização de Imóveis, Direito Trabalhista e o atendimento a profissionais liberais, além de continuar atuando como especialista em Recursos aos Tribunais Superiores.

Independentemente da área, a advogada, que acumula homenagens recebidas na cidade e é ex-presidente da Associação das Mulheres de Carreira Jurídica, segue se especializando. A Inteligência Artificial é, hoje, uma de suas áreas de estudo. “Aprender sempre é minha meta e buscar a Justiça, acima de tudo, é o meu propósito”, acentua.

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