sábado, 6 dezembro, 2025
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Web Summit Lisboa: o futuro do jurídico, das conexões e IA

Por Nicolas Fabeni, CEO & Founder da StartLaw – Participar do Web Summit Lisboa 2025 foi mais do que uma oportunidade, foi um marco na trajetória da StartLaw. O maior evento de tecnologia e inovação da Europa reuniu mais de 71 mil pessoas, batendo recorde de público e colocando no mesmo espaço lideranças globais, empreendedores globais, investidores e intelectuais que estão moldando o futuro. Estar ali, representando o Brasil como empreendedor Apex 2025 – junto com mais de 380 empresas e startups brasileiras – e levando a StartLaw além, para o centro dessas discussões, foi um privilégio e um sinal de que estamos trilhando o caminho certo.

Por que o Web Summit importa para o futuro da StartLaw

Fomos à Lisboa com objetivos claros: aprender, desenhar conexões, conhecer empreendedores brasileiros e estrangeiros, e entender quem são as pessoas que estão olhando globalmente para construir o amanhã. Mais do que isso, queríamos validar, em escala mundial, a visão que defendemos desde o início: o jurídico é um acelerador de crescimento, não um gargalo.

E foi extremamente gratificante perceber como essa tese encontrou eco em diversos mercados e realidades. Há uma busca crescente por soluções jurídicas que sejam ágeis, inteligentes e integradas à estratégia de negócios. O mundo está, enfim, entendendo que jurídico não é burocracia, é potência. E isto tem tudo a ver com o projeto de internacionalização de nossa startup.

Um evento de conexões e um mundo atento ao Brasil

Se existe uma frase que resume o Web Summit 2025, é esta: Web Summit é conexão! E esse ano ficou ainda mais claro como o Brasil desperta interesse internacional. Percebemos um movimento consistente de empresas globais buscando parceiros, canais de distribuição e soluções brasileiras capazes de escalar.

Essa troca ativa não só fortalece nosso ecossistema, como aponta caminhos reais para expansão internacional, um dos pilares estratégicos da StartLaw para os próximos anos.

O domínio absoluto da Inteligência Artificial

Se 2023 e 2024 foram os anos da consolidação da IA, 2025 é o ano da autonomia da IA. Em praticamente todas as palestras, fóruns e demonstrações, a IA foi protagonista, mas não apenas na versão tradicional que responde perguntas ou automatiza tarefas simples.

O foco se deslocou para sistemas capazes de executar demandas complexas, tomar decisões e operar como agentes autônomos. Um caminho que redefine completamente a forma como trabalhamos. E essas mudanças já estão sendo refletidas no mercado jurídico. A tendência é que modelos avançados de agentes desempenhem grande parte do trabalho operacional, abrindo espaço para que profissionais se dediquem ao estratégico, ao criativo e ao humano.

Startups que chamaram atenção

Como fundador e CEO, um dos momentos mais enriquecedores foi conhecer startups que estão repensando completamente seus modelos de negócios. Entre as que mais me impactaram, destaco:

  • Granter (Portugal): plataforma que identifica oportunidades de financiamento público global e automatiza o acesso a subsídios. Foi destaque e campeã do pitch do Web Summit Lisboa 2025, entre mais de 2.700 startups participantes.
  • Uma startup que criou clones de heads usando IA, permitindo treinamentos realistas com equipes e muito mais. A Your Video Engine fundada pela Thais Maia promete revolucionar
  • Uma solução capaz de replicar a voz e o estilo de comunicação de uma pessoa para que ela “participe” simultaneamente de múltiplas reuniões – 10, 20… quantas forem necessárias.

Esse último caso mostra claramente como o trabalho como conhecemos está prestes a mudar radicalmente.

Rankeando os setores mais promissores (na minha visão)

Os setores mais promissores observados no Web Summit 2025 se organizam em uma hierarquia clara de impacto e potencial de transformação. No topo, estão as soluções de assistentes e agentes autônomos, que representam a próxima grande virada tecnológica. Sistemas capazes de executar tarefas complexas, tomar decisões e operar de forma quase independente, redesenhando por completo o futuro do trabalho. Logo em seguida, ganham destaque as tecnologias de comunicação, que continuam evoluindo rapidamente e ampliando nossa capacidade de colaborar, conectar mercados e acelerar negócios em escala global.

Em terceiro lugar, surgem as EnergyTechs, que impressionam pelo avanço técnico e pela maturidade das soluções, especialmente quando comparadas à realidade brasileira; trata-se de um setor onde a inovação já resolve problemas de maneira definitiva em diversos países, mostrando o quanto ainda temos a evoluir. Fechando o ranking, mas não menos importante, estão as startups de línguas e tradução, com mais de 17 soluções verdadeiramente transformadoras e alinhadas à necessidade crescente de comunicação global, ainda que também levantem reflexões importantes sobre seus impactos cognitivos e culturais.

Reflexões sobre o futuro

Se por um lado a criatividade das soluções impressiona, por outro algumas tendências acendem alertas. A massificação de ferramentas de comunicação automática, especialmente as focadas em tradução e interpretação instantânea, facilita a globalização, mas pode contribuir para um enfraquecimento do pensamento crítico e cognitivo.

Também chamou a atenção a ascensão de tecnologias voltadas ao controle organizacional e comunitário. São soluções poderosas, mas que exigem debates profundos sobre ética, liberdade e impacto social. Ainda não sabemos como essas ferramentas reverberarão no futuro  e é fundamental manter uma postura crítica.

O que os empreendedores precisam ouvir

Minha principal recomendação para quem deseja crescer é simples: dedique tempo para buscar parceiros, editais, conexões e curadorias que podem abrir portas para a sua empresa. O ecossistema de inovação global está repleto de oportunidades, mas elas não caem do céu. É preciso estar presente, colocar a cara no mundo, construir pontes e mostrar com clareza o valor do que você está criando.

E, nesse momento histórico, acrescento um ponto essencial: refletir profundamente sobre o papel da Inteligência Artificial no seu negócio e na sua jornada empreendedora. A IA deixou de ser uma ferramenta opcional e se tornou parte estrutural da competitividade. Mas, ao mesmo tempo, exige discernimento. Não basta “usar IA”; é necessário compreender como ela transforma processos, muda modelos de trabalho e cria vantagens que antes eram impensáveis.

Também é fundamental olhar criticamente para o impacto da IA nas habilidades humanas. A tecnologia, quando mal utilizada, pode reduzir nossa capacidade de raciocínio, diminuir a autonomia do pensamento e nos levar a decisões superficiais. Empreendedores que crescerão na próxima década serão aqueles capazes de equilibrar eficiência tecnológica com profundidade intelectual.

Portanto, além de buscar oportunidades externas, dedique-se a entender como a IA pode ampliar o que você faz de melhor, sem substituir sua capacidade de refletir, criar e liderar. O futuro não será construído apenas por quem usa tecnologia, mas por quem entende como ela molda a sociedade, os negócios e a própria forma de pensar.

O que levamos de Lisboa

Volto do Web Summit Lisboa 2025 com o sentimento de que estamos entrando em uma nova era. Uma era em que a IA será protagonista, em que a autonomia das máquinas mudará modelos de trabalho e em que o jurídico, bem estruturado, será um dos motores mais importantes para que empresas cresçam de forma segura e escalável.

Levo também a certeza de que o Brasil tem muito a oferecer e que a StartLaw está pronta para dar seu próximo salto.

Lisboa nos mostrou o futuro. Agora, cabe a nós construir nosso caminho até ele.

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