Assessoria – Cultura, fé e dignidade. Esses são os pilares do projeto Viagem no Livro, apoiado pela Associação Evangelizar É Preciso, que já distribuiu 2.700 livros para unidades prisionais do Paraná. A iniciativa tem como missão ampliar o acervo bibliográfico das penitenciárias e fortalecer ações como a remição de pena pela leitura, prevista na Lei de Execução Penal.
A cada mês, cerca de 300 títulos doados chegam a unidades prisionais de diferentes cidades do estado. A curadoria inclui obras de literatura brasileira, estrangeira, biografias, espiritualidade e outros gêneros. “Há uma grande diversidade de títulos para contemplar os projetos educacionais já existentes no sistema e também atender às preferências individuais dos participantes”, explica a coordenadora de projetos sociais da Evangelizar, Juliane Gonçalves.
Das visitas às unidades para a entrega das obras, os voluntários trazem relatos de experiências marcantes, como a história de uma detenta que, após concluir o ensino médio, iniciou o curso superior de Biblioteconomia e hoje atua na biblioteca da própria unidade prisional. “São histórias que nos lembram o poder do incentivo certo no momento certo. Muitas vezes, tudo o que a pessoa precisa é de uma chance e alguém que acredite nela. A prática da leitura tende a ser um agente de transformação, pois, além de agregar conhecimento, motiva outras formas de ensino que têm o poder de mudar realidades e transformar o futuro”, avalia.
O Viagem no Livro é sustentado por uma rede de solidariedade que envolve empresas, instituições, Organizações da Sociedade Civil (OSC), voluntários e a comunidade. “É uma construção coletiva. A resposta da sociedade é muito positiva. Percebemos que, ao entenderem o propósito do projeto, muitas pessoas desejam participar e contribuir de alguma forma”, conta Juliane.
Além dos livros, a presença física de voluntários e representantes da Evangelizar nos estabelecimentos prisionais também é uma forma de cuidado. “Levar atenção, escuta e presença para dentro das unidades é reafirmar a valorização da pessoa humana em todos os seus aspectos. É enxergar a vida onde o mundo muitas vezes só vê erro”, ressalta. Ela destaca, ainda, que, entre os livros doados, sempre há exemplares voltados à fé e à espiritualidade. “Fazemos questão de incluir títulos que levem conforto, ofereçam esperança e despertem um senso de propósito durante o encarceramento”, completa.
O projeto nasceu em 2020, com ações pontuais e, desde agosto de 2024, passou a acontecer de forma permanente, em sinergia com as ações de reintegração social da Polícia Penal do Paraná, contribuindo diretamente para o resgate da autoestima e para a construção de novas trajetórias. “Estar presente em um ambiente que nos parece tão inóspito, representando uma instituição social e católica, é acreditar na resiliência e na capacidade de superação do ser humano. Há sim histórias de transformação, de fé renovada e de novas oportunidades acontecendo todos os dias dentro do sistema prisional”, finaliza.