
“Laranjeiras do Sul tem uma preciosidade arquitetônica abandonada, mas que ainda poder ser salva”, adverte Chloris Casagrande Justen ao iniciar seu depoimento ao meu livro Vozes do Paraná 7.
“O palacete, enorme e requintado, foi montado com partes vindas do Palácio do Catete, até mesmo móveis. Não desistirei até ver o local tombado, pois ele foi erguido para ser sede do Governo do Território do Iguaçu”, completa.
A revelação inicial é prova de que a boa memória de Chloris Casagrande Justen, 91, está todo tempo a serviço de temas de interesse cultural. Até porque, sendo presidente de três instituições muito significativas da vida curitibana (e muitas vezes apostadas como ‘marcadas pelo academicismo’) ela não se distancia minuto sequer desse universo em que artes (e literatura em particular) têm o primado.
2 – O BELVEDERE
No momento, uma das maiores preocupações de Chloris Justen é com o futuro espaço que a Academia Paranaense de Letras (APL) irá ocupar, no antigo Belvedere da Praça do Alto do São Francisco. Lá por anos funcionou o Centro Feminino Paranaense de Cultura e, depois, dividiu espaço com a União Cívica Feminina.
– A União Cívica se manteve intacta no espaço, graças à presença forte de dona Dalila Lacerda, recorda Chloris.
Dona Dalila, casada com Flávio Suplicy de Lacerda, depois ministro da educação de Castello Branco, foi um nome de forte apoio entre os militares que assumiram o poder em 1964.

3 – MÚLTIPLA NA PRESIDÊNCIA
Presidente da APL, do Clube Soroptimista de Curitiba e do Centro Feminino Paranaense de Cultura, Chloris está dando o formato final ao que será a futura sede da Academia.
O restauro do Belvedere, significativo marco arquitetônico, será promovido pela Federação do Comércio do Paraná que, no futuro, lá terá um café, espaço que deverá repetir o que tem no Paço da Liberdade, na Praça Generoso Marques.
Na sexta-feira, em meio a amplo encontro com Chloris, preparando os passos iniciais de sua presença no volume 7 do livro Vozes do Paraná 7, recolhi e registro:
– O Belvedere, futura sede da Academia, será oficialmente denominado de Observatório Cultural do Paraná, diz a escritora.
Pelo menos por 20 anos, tempo do comodato assinado pelo Governo do Paraná e Academia, esse será o nome que identificará o local de onde, por decênios, nos tempos de uma Curitiba risonha e franca, dali se observaram fatos históricos. Como, por exemplo, a chegada de Getúlio Vargas ao então Palácio de São Francisco, para almoço com Bento Munhoz da Rocha, na festa do Centenário do Paraná.