Foi notícia por toda parte: a Rua Marechal Deodoro, no Centro de Curitiba, pode se transformar em uma “Times Square”, com grandes telões e letreiros luminosos nos moldes de Nova York, Londres e Tóquio, a partir da autorização para que empresas de mídia outdoor instalem publicidade e anúncios cinéticos em luminosos e telões nas fachadas e testadas de imóveis, em um trecho de 592 metros de extensão da via, entre a Travessa da Lapa e a Rua Desembargador Westphalen (na altura da Praça Zacarias).
O prefeito Rafael Greca acaba de assinar o Decreto Municipal 1.871/2024, que cria o Distrito de Mídia, um corredor luminoso no trecho, que será de responsabilidade da iniciativa privada, representada pelo Sindicato das Empresas de Publicidade Externa do Estado do Paraná (Sepex-PR).
A área tem potencial de 20 mil m² em publicidade e a expectativa é que os investimentos das empresas em mídia exterior poderão tornar a região um polo para lançamento de campanhas publicitárias de grandes proporções, utilizando recursos tecnológicos, em equilíbrio entre inovação urbana e qualidade de vida dos residentes e visitantes.
“O Distrito de Mídia é resultado do bom relacionamento entre as empresas de mídia exterior, por meio do Sepex, e a prefeitura. Curitiba é considerada hoje a cidade mais organizada do Brasil em regulamentação de mídia exterior. Nosso objetivo comum é sempre o melhor embelezamento da cidade. Tanto que alguns projetos só existem aqui, com ornamentação e paisagismo, espaços pet, as chamadas ‘gentilezas urbanas’, iniciativas das empresas com aval da prefeitura”, detalha Juracy Favretto, diretor da empresa AutoMídia System e membro do Sepex-PR.
Comércio e mercado imobiliário
Representantes dos setores comercial e imobiliário já planejam as próximas ações para a região da Rua Marechal Deodoro, no início de 2025, com a expectativa de atração de bares e restaurantes para os arredores do Distrito de Mídia, que inclui a Rua XV de Novembro, uma das mais tradicionais da cidade.
“Essa iniciativa mostra mais uma vez como a sintonia entre prefeitura e iniciativa privada pode render bons frutos para a cidade. Nos últimos anos, o mercado de corretores de imóveis viu com tristeza o Centro da cidade se degradar, em especial após a pandemia. Para revitalizar o Centro, dar nova vida e funções nos períodos diurno e noturno, é preciso essa união de esforços. Com o Distrito de Mídia, em pouco tempo teremos painéis que, além de iluminar a região da Marechal, vão atender uma quantidade enorme de pessoas, turistas e comerciantes”, avalia Carlos Eduardo Canto, presidente da Confraria Imobiliária de Curitiba.
Outra sugestão do setor imobiliário para a região central, segundo Canto, é reduzir impostos sobre serviços para quem ocupar imóveis abandonados. “Vimos medidas como essa funcionarem em cidades como Barueri, na grande São Paulo, incentivando a ocupação da região de Alphaville. O Centro de Curitiba é um dos mais bonitos do país, se comparado a outras capitais. Mas é preciso esse resgate”, opina.
Presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), Antônio Gilberto Deggerone é amplamente favorável à iniciativa da “Times Square Curitibana”. “Do ponto de vista do comércio, esse projeto é espetacular. Não tenho dúvidas de que o Centro de Curitiba vai ganhar mais vida, com visual mais agradável, comparando-se com a situação atual. O comércio certamente vai se engajar e querer participar, com as atividades relacionadas ao movimento que a iniciativa trará. Temos plena convicção de que os grandes investidores da comunicação e anunciantes logo irão ocupar os espaços dos paredões”, pontua.
Times Square “com a cara de Curitiba”
Diretora do Departamento de Usos do Solo da Secretaria Municipal de Urbanismo, Patrícia Monteiro explica que, por ser fim de ano, as empresas interessadas ainda não entraram com pedidos de licenciamento, mas que desde a publicação do decreto, a viabilidade já existe.
“Acreditamos que, em janeiro, já devemos liberar os primeiros alvarás. O projeto deve ganhar vida ainda no primeiro semestre. Vale lembrar que ainda é um projeto piloto para viabilizar essas grandes proporções de anúncios, que são controlados em Curitiba desde 1994. Todo o investimento será de responsabilidade da iniciativa privada e das empresas de publicidade”, afirma Patrícia.
Patrícia Monteiro detalha ainda que, apesar da inspiração na Times Square, o projeto terá DNA curitibano. “Temos uma arquitetura consolidada na Rua Marechal Deodoro, então apesar do modelo nova-iorquino, teremos painéis de grandes proporções dentro da arquitetura de Curitiba. Não tamparemos janelas e vamos preservar a luminosidade dos edifícios, por exemplo. Temos alguns residenciais, mas o trecho foi escolhido porque a maioria dos prédios é comercial. Será um projeto específico com a cara de Curitiba”, acrescenta.
Parâmetros dos anúncios
Segundo a diretora, o projeto teve as primeiras discussões em julho de 2023, com realização de estudos de impacto na região até o texto final da regulamentação. O decreto que estabelece os parâmetros define os tipos de publicidade que poderão ser instaladas na região, bem como as regras relacionadas à área máxima permitida, altura e extensão.
A instalação só pode ocorrer após a obtenção do alvará, que terá validade de um ano, podendo ser renovado pelo mesmo período. Entre as condições para o licenciamento das novas publicidades, a empresa deverá prever controles de intensidade de luz, dependendo do tipo de tecnologia escolhida, para não gerar incômodo e impacto visual nos pedestres, veículos e ocupantes das edificações. As instalações também deverão seguir as normas técnicas que garantam a segurança estrutural, sem atrapalhar a visibilidade ou criar riscos, além de manter as fachadas das edificações e os passeios limpos e em boas condições.