João Paulo Rocha Netto, jovem biólogo, especialista em Saúde Coletiva, atuando na Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde de Curitiba é um dos poucos brasileiros a que se pode chamar de especialista em pombos.
Não se trata de um mero columbófilo, mas de um biólogo que conclui seu mestrado em Gestão Ambiental na Universidade Positivo. Há pelo menos três anos ele dedica horas de seu dia a observar os pombos.
E o tema da tese universitária de João Paulo não deixa dúvidas de sua dedicação e de sua especialização: “Ecologia, Cultura e Representações Sociais: olhares sobre o pombo e sua problemática”
O assunto está abordado em três páginas da revista Ideias, da Travessa dos Editores deste mês de maio. O título é sugestivo: “Vida de Pombo, entre a bênção e a praga”.
Pombos de vida livre
A entrevista com o biólogo revela algumas preciosidades e destrói também mitos… Como o de que, por exemplo, conviver com pombos de vida livre pode causar danos à saúde humana.
Chamados pejorativamente de “ratos sem asa”, os pombos proliferam nas grandes cidades. Em Curitiba e Região Metropolitana, devem ser 500 mil.
O pombo mais comum que encontramos aqui em nossas ruas, praças, parques, é o chamado “columba Lívia”.
Para a ampliação da população de pombos nas cidades brasileiras há vários fatores que a tese do biólogo enumera. Tais como a associação da imagem do pombo com grandes manifestações do espírito religioso cristão. O pombo é associado, só para lembrar, ao Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade do Cristianismo. Também ao pombo – lembra a tese – ligam-se associações com a paz, ao papa, coroações de reis, celebrações de casamentos (‘pombinhos’), tratados e acordos de paz, desfiles militares…
Vida de ‘pombinhos”
– A vida monogâmica faz dos pombinhos serem simbolicamente associados aos amantes, recorda João Paulo |Rocha Netto que não deixa de enfocar o pombo do ponto de vista de sanidade humana. Isso ocorre quando, na tese, ele crava:
“Seria necessário um excesso de pombos enclausurados em ambientes pouco iluminados, sujos e estressantes para que ocorresse a transmissão de doenças, a exemplo da criptococose, histoplasmose, psitacose ou ornitodse ou salmonela. Não existe ‘doença de pombo”.