sexta-feira, 22 agosto, 2025
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Tendências para escritórios mudam perfil de locações comerciais

Assessoria – O retorno gradual ao trabalho presencial nas empresas e as mudanças profundas nas rotinas corporativas nos últimos cinco anos alteraram as preferências das locações comerciais. Os escritórios convencionais, com plantas compartimentadas, em edifícios com pisos frios, iluminação fluorescente e pouco ou nenhum investimento em conforto térmico e acústico perderam espaço. Na mesma medida, cresce a demanda por salas comerciais com plantas flexíveis e condomínios com infraestrutura de recepção e convivência.

De acordo com o sócio-fundador e diretor-executivo da JBA Imóveis, Ilso Gonçalves, a percepção do mercado imobiliário é de que as mudanças estão diretamente ligadas à reorganização do trabalho após a pandemia. “O que percebemos é que os escritórios estão sendo redesenhados para competir com o conforto da casa, depois da experiência com o trabalho remoto na pandemia. As empresas sabem que, para atrair seus times de volta ao escritório, precisam oferecer ambientes acolhedores, com áreas de descompressão e boa localização”, avalia.

Embora o home office e o modelo híbrido ainda persistam em parte das empresas, a maioria já promove o retorno ao trabalho 100% presencial, segundo dados recentes da Great Place to Work (GPTW). O relatório da empresa global de pesquisa e consultoria mostra que 51% das empresas brasileiras já restabeleceram o regime totalmente presencial. Em 2022, eram 40%. Mas o retorno ao escritório encontra resistência de uma parcela considerável dos profissionais, especialmente em função da crescente valorização da jornada de trabalho flexível.

Segundo o diretor da JBA, que atua há mais de 30 anos no mercado imobiliário de Curitiba, o setor de locações comerciais percebe o impacto dessa relutância nos novos formatos das salas. “Para contornar a resistência, as empresas estão investindo em espaços mais atrativos e confortáveis, buscando reconectar os colaboradores ao ambiente físico de trabalho. E esse ambiente precisa reduzir barreiras hierárquicas, promover a interação e transmitir aconchego. O espaço funcional e receptivo passou a ser um ativo estratégico de marca, cultura organizacional e retenção de talentos”, completa.

Em Curitiba, as locações comerciais estão em alta novamente. Dados recentes do Instituto Paranaense de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar) mostram que a Locação Sobre Oferta (LSO) atingiu 8,1% em maio deste ano – o melhor índice desde julho de 2024 e bem acima da média histórica recente.

A retomada é acompanhada pela mudança nas preferências de empresas e profissionais autônomos em relação ao tipo de imóvel desejado. “As salas comerciais com espaços adaptáveis, que permitam diferentes layouts, como open space e os módulos de trabalho com divisórias articuladas, por exemplo, têm bastante procura. E ganham pontos os ambientes climatizados, com janelas amplas que permitem a entrada de luz natural. A infraestrutura dos edifícios também chama mais atenção do que antes. Os clientes querem prédios comerciais com recepção profissional, sistemas de controle de acesso inteligente, além de espaços como bicicletário, auditórios e área de convívio para o cafezinho´ ou uma reunião mais reservada”, observa o diretor de locações da JBA Imóveis, Lucas Delagnelo.

Com relação à localização, em Curitiba são o Centro e bairros como São Francisco, Cristo Rei, Rebouças e Água Verde que concentram a maior procura por imóveis comerciais, segundo o levantamento do Inpespar. E, entre os tipos de unidades, os studios e espaços compactos continuam liderando as negociações – com 29% da oferta negociada em maio –, especialmente entre profissionais liberais, consultórios e pequenas empresas que buscam custo reduzido e localização estratégica.

Outro destaque do mercado curitibano são as casas comerciais, que passaram de 4,9% para 12,2% da oferta negociada. Segundo Delagnelo, a previsão é que a entrega de novos empreendimentos comerciais nos próximos meses na capital paranaense estimule ainda mais o setor. “A locação comercial vive um de seus melhores momentos em anos. Mas é fundamental entender que essa retomada vem acompanhada de novas exigências. A experiência dentro do espaço, a versatilidade de uso e a eficiência de custos são os pilares do novo momento”, conclui.

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