Embrapa Meio Ambiente
Microrganismos fitopatogênicos para a cultura das macadâmia foram identificados, relacionados a seus respectivos agentes causais, com definição de prevalência e época de ocorrência, temperatura ideal de crescimento e sensibilidade a diferentes ingredientes ativos por cientistas da Embrapa e da Unesp e os ensaios em condições de laboratório e campo revelaram que três doenças predominaram – a seca dos racemos causada por Cladosporium que afeta inflorescências, o cancro/gomose causado por Lasiodiplodia em caule e ramos e a antracnose causada por Colletotrichum, que promove deterioração nos frutos.
Embora esses fungos já ocorram no Brasil em outras culturas, é a primeira vez que essas espécies são associadas à macadâmia. A seca dos racemos e o cancro/gomose foram consideradas as potencialmente mais importantes, uma vez que prevaleceram e podem ocasionar, respectivamente, redução do número de frutos ou morte de plantas jovens. Nos racemos, foi verificado que flores em estádio próximo à abertura ou já abertas são mais propensas a serem infectadas.
Os resultados obtidos em condições de laboratório indicam que há ingredientes ativos capazes de inibir o desenvolvimento de cada um dos patógenos da cultura havendo, inclusive, outras moléculas que também poderiam ser utilizadas. Porém, a eficiência dos ingredientes ativos é específica a cada um deles.
Fungos
Conforme Rosicléia da Silva, em sua dissertação de mestrado pela Unesp, foi proposto reportar a incidência de patógenos fúngicos associados às amostras de órgãos sintomáticos de macadâmia, o que resultou em uma coleção de fitopatógenos associados aos órgãos vegetais da noz e na relação entre o agente causal e o período sazonal em que ocorreram.
Além disso, também foram avaliados a sensibilidade dos agentes a fungicidas e o efeito de diferentes temperaturas sobre o desenvolvimento dos fitopatógenos, informações importantes para definir quais as doenças têm maior potencial de causar impacto, as épocas e condições propícias para sua ocorrência, gerando subsídios para práticas a serem utilizadas no manejo integrado de cada uma. Para isso, folhas, seções de ramos e tronco e inflorescências com possíveis sintomas de doenças ou sinais de colonização fúngica foram coletados periodicamente, de 2019 a 2021, em Dois Córregos, SP.
Principais doenças
A cultura da macadâmia vem se expandindo e, portanto, informações desta natureza podem mitigar danos ocasionados por doenças e seus possíveis impactos econômicos, pois a literatura disponível descreve doenças que ocorrem em outros países. Com subsídios à diagnose correta, produtores e profissionais da área poderão evitar possíveis equívocos no manejo e a consequente recomendação inapropriada de medidas de controle. Um outro aspecto a se considerar é que o conhecimento de quais patógenos ocorrem no país, também tem importância para prevenir a introdução de outros ainda ausentes ou em áreas de plantio específicas.
Embora haja relatos de microrganismos associados à macadâmia no Brasil, somente para apenas dois agentes causais de doenças há comprovação científica da sua ocorrência até então – os fungos Lasiodiplodia theobromae, que causa rachaduras no caule com ocasional exsudação de goma, o que pode levar à morte principalmente plantas jovens e Neopestalotiopsis clavispora, ocorrência observada em Vitória da Conquista, Bahia, causando manchas foliares irregulares de cor marrom claro nas folhas e severidade da doença estimada em cerca de 25%.