Espetáculo dramatiza história real do cônsul sueco que impediu que Paris fosse destruída por Hitler em agosto de 1944
Por André Nunes – jornalista. Fotos de Lina Sumizono.
Você sabia que Paris quase foi destruída pelos nazistas em agosto de 1944? No fim da Segunda Guerra Mundial, a capital francesa ocupada pelas tropas de Adolf Hitler estava prestes a ser libertada pelos aliados, após o desembarque na Normandia. Ao saber de sua inevitável derrota, o führer ordenou ao general Dietrich von Choltitz (Marcos Luis Maciel, cuja semelhança ao saudoso Ricardo Boechat impressiona) que explodisse todas as pontes de acesso à cidade, além dos principais pontos históricos e culturais patrimônios da humanidade, como a Notre Dame, a Ópera, o Museu do Louvre e o Arco do Triunfo, o que dizimaria cerca de 2 milhões de pessoas.
Baseado nesse episódio real, o espetáculo “Mona Lisa vs Adolph Hitler” se passa na noite anterior à execução da ordem de destruição de Paris, quando o general recebe a visita do cônsul sueco Raoul Nordling (Edson Bueno, em atuação irreparável), que tenta convencê-lo a não cometer tamanho ato de insanidade. O elenco se completa com o jovem oficial interpretado por Edgard Assumpção.
Adaptada e dirigida por Edson Bueno, que comanda o Grupo Delírio, a peça estreou em Curitiba em 2018 e voltou aos palcos nessa quinta (31) e sexta (1º), dentro da Mostra Lúcia Camargo, do Festival de Teatro.
Verdadeiro ode à Paris enquanto cidade berço dos valores e cultura ocidentais, que abriga parcela expressiva das obras produzidas pela genialidade humana ao longo dos séculos, a peça também alerta sobre a necessidade de se refletir e contrapor às ordens absurdas que recebemos, ainda que vindas militarmente de um superior hierárquico.
Mas quando esse superior é um ditador ensandecido, genocida em massa, a razão deve se sobrepor ao dever militar. Em tempos de polarização e guerra, o alerta infelizmente se torna ainda mais atual…
*O jornalista cobriu o espetáculo a convite do Festival de Curitiba.