sábado, 21 dezembro, 2024
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Festival de Curitiba: Conselho de Classe

 

Por André Nunes, jornalista*. Fotos de Annelize Tozetto

Espetáculo que marca a renovação da Companhia dos Atores, do Rio de Janeiro, “Conselho de Classe” é uma adaptação do texto de Jô Bilac diririga por Bel Garcia e Susana Ribeiro. Encenada na Mostra Lúcia Camargo, do Festival de Curitiba, nesta terça (29) e quarta (30), a peça encenada pelo quinteto Cesar Augusto, Marcelo Olinto, Leonardo Netto, Paulo Verlings e Thierry Trémouroux (com voz em off de Drica Moraes, como a diretora afastada após problemas psicológicos) lotou o Teatro da Reitoria.

Conforme informa o Observatório do Teatro, em 2013, a companhia carioca completou 25 anos e percebeu a necessidade de renovar sua linguagem e repertório, até mesmo pela saída do diretor Enrique Diaz, em 2012. O grupo iniciou uma série de pesquisas cênicas que desaguaram em “Conselho de Classe”, peça de Jô Bilac que estreou em 2014 e vem sendo premiada no eixo Rio-SP.

Em uma escola pública do centro carioca, uma reunião de professores é desestabilizada pela chegada de um novo e jovem  diretor (Paulo Verlings). O encontro faz eclodir dilemas éticos e pessoais em meio a decisões que se confundem nas relações de poder da instituição. O espetáculo conversa, com humor ácido, sobre a realidade atual do ambiente escolar, em um diálogo acerca da educação no Brasil. Quem deseja trabalhar em uma escola pública? Se o professor é mal remunerado, que tipo de sociedade está sendo construída?

Thierry Trémouroux nos entrega uma professora idealista, Mabel, de artes, que se contrapõe frontalmente à professora Edilamar (Leonardo Netto), tachada de “fascista” por sua disciplina exagerada nas aulas de educação física – sendo encarregada de trancar a quadra, para evitar supostas vandalizações de alunos.

Quem rouba a cena e realiza alguns dos melhores alívios cômicos, ainda que involuntários, é a Tia Paloma de Marcelo Olinto, professora veterana que se tornou bibliotecária, e já não demonstra qualquer perspectiva de vida ou profissão fora dos muros daquela escola. O elenco se completa com a professora Célia (Cesar Augusto), que vende produtos para completar renda nessa dura realidade da educação pública. Interessante também a opção do elenco de interpretar personagens femininas, todas professoras (à exceção do diretor), que causa uma estranheza inicial, logo superada pela qualidade do texto e das interpretações.

*O jornalista acompanhou o espetáculo a convite do Festival de Curitiba.

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