Assessoria – Depois de décadas de planejamento urbano quase totalmente voltado ao atendimento da demanda dos automóveis e do enclausuramento – em função da preocupação excessiva com a violência urbana –, as metrópoles brasileiras começam a passar por uma transformação. E Curitiba, reconhecida por ser de vanguarda na área da Arquitetura e do Urbanismo, é uma das cidades em que a mudança em curso já pode ser percebida.
Inspirados por conceitos de profissionais como o ex-prefeito de Curitiba e urbanista Jaime Lerner, novas gerações de arquitetos e urbanistas paranaenses estão focadas no resgate do planejamento urbano voltado à construção de cidades para as pessoas. Antes restritos aos projetos para ocupação e uso de áreas públicas, o movimento essencialista e a chamada “acupuntura urbana” estão pautando também os projetos de novos empreendimentos privados na capital paranaense.
Com fachadas abertas e convidativas, além de espaços de uso compartilhado para a vizinhança, a tendência é a redução das construções muradas e inacessíveis. Além disso, os espaços reservados para o comércio e serviços nos térreos dos edifícios ganham força, como soluções para a promoção da convivência entre os moradores e o estímulo ao retorno das pessoas às ruas.
O engenheiro civil Luiz Antoniutti, sócio-diretor da AGL Incorporadora, destaca que, do ponto de vista da segurança, a mudança está baseada na constatação de que o que efetivamente torna um espaço seguro é a circulação de pessoas. “Chegou ao fim a era de construções com ‘efeito fortaleza’, que, com muros, cercas e gradis, aprisionam e contribuem para a sensação de vulnerabilidade. Existem soluções tecnológicas, como sistemas modernos de videomonitoramento e controle de acesso, que resolvem a questão de segurança dentro dos condomínios. Nesse contexto, o mais importante é a constatação de que o que mais dá segurança aos moradores e frequentadores de uma rua ou bairro é a circulação de gente. Onde há pessoas, movimentação e boa iluminação a proteção é maior”, afirma.
O multirresidencial Moní, lançado recentemente pela AGL, incorporou essa tendência no projeto de paisagismo, assinado pelo estúdio laboratório Urbideias, que também conduziu os estudos urbanísticos para o empreendimento. Com pavimento térreo aberto, no estilo “boulevard”, a área externa do edifício foi pensada para servir não apenas aos futuros moradores, mas também à vizinhança do bairro Alto da Glória. O projeto prevê calçadas ampliadas, iluminação, revestimento que lembra o petit pavê, canteiros com vegetação, bicicletário, bancos e espaço comercial, onde será instalada uma cafeteria ou panificadora.
O arquiteto e urbanista, Richard Viana, sócio do Urbideias, defende a substituição de elementos de arquitetura hostil pelo paisagismo defensivo, que emprega espécies vegetais para delimitar as áreas acessíveis, e utiliza estruturas que atraiam pessoas. “O espaço aberto incentiva a fruição pública e o domínio coletivo. Pessoas atraem pessoas e o térreo do Moní será um chamariz, para que o público utilize e usufrua do espaço. Com o empreendimento, a AGL vai produzir uma paisagem e descontinuar uma lógica e mostrar como só perdemos com a intolerância às diversidades e a perda do hábito de sair para a rua. Com calçadas ampliadas, o projeto também vai contribuir para a mobilidade dos pedestres e ciclistas”, defende.
Com a consultoria do especialista em segurança patrimonial, Romildo Diniz, o projeto do Moní emprega técnicas de proteção baseadas na arquitetura predial, com muros de vidro, maciços vegetais, iluminação estratégica e infraestrutura para instalação de sistema de controle biométrico de acesso e videomonitoramento 24h. “O edifício terá sistema de controle perimetral. Estamos propondo o uso de tecnologia que tem sensores e câmeras de vídeo de alta resolução e nível de sensibilidade, que independemente de ser dia ou noite, são capazes de fazer a identificação das pessoas que passam pelo perímetro definido”, explica.