Assessoria – O câncer de intestino é o 3º tipo mais incidente entre homens e mulheres no país, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Além disso, representa também a 3ª maior causa de morte por câncer na população brasileira. O Setembro Verde, campanha de conscientização sobre a prevenção da doença, busca mudar essa realidade alarmante.
“O câncer colorretal é uma doença silenciosa que pode ser completamente prevenível quando suas lesões precursoras são detectadas precocemente. A maioria dos casos surge de pólipos benignos que se transformam em tumores malignos ao longo de anos”, explica a Dra. Larissa Maria Macedo Lopes, oncologista do Instituto de Oncologia do Paraná (IOP).
As estimativas oficiais do INCA para o triênio 2023-2025 apontam 45.630 novos casos de câncer de cólon e reto por ano no Brasil. Desses, 21.970 casos ocorrem em homens e 23.660 em mulheres, correspondendo a um risco de 21,10 casos para cada 100 mil habitantes. O câncer colorretal ocupa a segunda posição entre os tumores mais frequentes no país, representando 9,2% de todos os cânceres em homens e 9,7% em mulheres. Entre as regiões brasileiras, Sul e Sudeste concentram a maior incidência da doença. “Estamos observando um crescimento preocupante dessa doença, especialmente entre adultos jovens. O aumento de 14,3% na mortalidade em 30 anos reflete mudanças no estilo de vida da população brasileira”, alerta a especialista do IOP.
Visibilidade que salva vidas
Recentemente, o Brasil acompanhou de perto a luta da cantora Preta Gil contra o câncer de intestino. Seu diagnóstico público e o compartilhamento transparente de sua jornada de tratamento trouxeram visibilidade nacional para uma doença que muitas vezes permanece no silêncio. A coragem da artista em expor sua experiência ajudou a quebrar tabus e incentivou milhares de pessoas a procurarem orientação médica e realizarem exames preventivos. “Quando uma personalidade pública compartilha sua experiência com câncer, isso tem um impacto educativo imenso. As pessoas se identificam e passam a dar mais atenção aos sintomas que antes ignoravam”, observa a Dra. Larissa.
Fatores de risco modificáveis
Segundo dados epidemiológicos, cerca de 40 / 50% dos casos de câncer colorretal estão relacionados ao estilo de vida. Os principais fatores de risco incluem alimentação pobre em fibras, consumo frequente de alimentos ultraprocessados, sedentarismo, tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas.
A idade também representa fator importante. Pessoas acima de 50 anos têm maior probabilidade de desenvolver a doença, embora estudos recentes mostrem aumento da incidência em adultos mais jovens.
“O que mais nos preocupa é que estes fatores são modificáveis. Uma alimentação rica em fibras, exercícios regulares e cessação do tabagismo podem reduzir significativamente o risco de desenvolver câncer intestinal”, destaca a oncologista do Instituto de Oncologia do Paraná.
Sintomas que não devem ser ignorados
O câncer de intestino apresenta sintomas que frequentemente são confundidos com outras condições menos graves. Entre os sinais de alerta mais importantes estão sangramento retal, mudanças no hábito intestinal como diarreia ou constipação persistente, e dor abdominal que não passa. “A presença de sangue nas fezes nunca deve ser ignorada. Muitos pacientes associam esse sintoma apenas a hemorroidas, mas pode ser o primeiro sinal de câncer colorretal”, enfatiza Dra. Larissa.
Outros sintomas incluem sensação de evacuação incompleta, fezes muito finas ou compridas, perda de peso inexplicada e fadiga constante. A oncologista ressalta que esses sinais podem aparecer isoladamente ou em conjunto.
Colonoscopia salva vidas
A colonoscopia é considerada o exame padrão-ouro para detecção precoce do câncer colorretal. O procedimento permite visualização direta do intestino grosso e a remoção de pólipos antes que se transformem em tumores malignos.
“Recomendamos que pessoas sem fatores de risco iniciem o rastreamento aos 45 anos. Para quem tem histórico familiar da doença, o exame deve ser feito mais cedo”, orienta a especialista do IOP.
Além da colonoscopia, outros exames como teste de sangue oculto nas fezes e retossigmoidoscopia podem auxiliar na detecção precoce. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece esses exames gratuitamente.
Tratamento e perspectivas
Quando diagnosticado precocemente, o câncer de intestino tem altas taxas de cura, podendo chegar a 90% nos estágios iniciais. O tratamento varia conforme o estágio da doença e pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou combinação dessas modalidades. “O diagnóstico precoce muda completamente o prognóstico. Por isso a importância das campanhas de conscientização como o Setembro Verde”, conclui a Dra. Larissa, do Instituto de Oncologia do Paraná.
A campanha Setembro Verde é promovida pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia e busca conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce. A cor verde simboliza a esperança e a renovação, características essenciais no combate a essa doença que pode ser evitada.
Prevenção ao alcance de todos
Para reduzir o risco de câncer intestinal, especialistas recomendam manter alimentação rica em fibras, frutas, legumes e verduras, praticar exercícios físicos regularmente, evitar consumo excessivo de carnes vermelhas e alimentos processados, não fumar e moderar o consumo de álcool.
A prevenção do câncer de intestino está ao alcance de todos. Mudanças simples no estilo de vida, aliadas a exames regulares, podem salvar milhares de vidas todos os anos no Brasil.