Assessoria – Um festival feito inteirinho para as crianças mostra que cinema é coisa séria, não importa a idade do público. Em sua segunda edição, com dublagem em português e sessões com legendas descritivas e audiodescrição, o SACI – Semana de Animação e Cinema Infantil – apresenta 46 filmes de 12 países, trazendo para Curitiba uma amostra do que há de melhor no mundo em produção audiovisual para o universo infanto-juvenil.
“São obras que divertem enquanto discutem temas universais e oferecem uma perspectiva de outras culturas, estéticas e realidades”, diz Rafael Perry, idealizador do SACI. Serão 10 dias de evento, entre 14 e 23 de julho, em três espaços culturais importantes da cidade. O Museu Oscar Niemeyer vai ganhar estrutura de cinema para protagonizar o festival e haverá sessões também no Cine Passeio e no Teatro da Vila (CIC).
A ideia da mostra é contribuir com a oferta de atividades culturais, com foco na produção cinematográfica contemporânea para o público das mais diversas faixas etárias. Para ampliar a experiência e envolver as crianças a partir de dois anos na magia das histórias, arte-educadores vão realizar atividades antes e depois da projeção dos filmes.
Tela grande para os pequenos
A maratona de exibições na tela grande para gente pequena é também uma oportunidade para que as férias de julho tenham menos telinhas nas mãos, propõe Perry. E que as famílias possam refletir sobre o uso intensivo de telas e smartphones pelas crianças. Se hoje o público jovem é intensamente bombardeado por conteúdos rápidos e micronarrativas, o festival propõe justamente outro ritmo de consumo do audiovisual, com conteúdo selecionado por especialistas e reflexão sobre os temas abordados pelos filmes.
Para facilitar a escolha das sessões, a curadoria fez indicações etárias a partir de 2, 4, 5, 8 e 10 anos de idade em sessões de 50 minutos, que podem reunir vários títulos de curta metragem, sob temáticas como enfrentamentos, aprendizados sobre si e o mundo, perdas, tecnologias e saberes, sobretudo o protagonismo infantil e a pluralidade das infâncias.
O SACI também convida familiares, profissionais de educação e interessados em geral na arte do cinema para bate-papos sobre o papel da cultura da infância no audiovisual brasileiro, identidades e outras infâncias possíveis.
“Disparadores de bons diálogos”
A escolha dos filmes passou pelo olhar atento das curadoras Célia Catunda, Isabela Silveira e Marília Hughes Guerreiro, três nomes de expressão nacional no audiovisual brasileiro e em Cultura Infância. “Todos os públicos estão em constante formação, mas o contato das crianças com as obras artísticas é especialmente marcante porque elas estão formando suas primeiras referências”, conta Isabela, que é gestora cultural e pesquisadora das infâncias.
Coordenadora e curadora do Panorama Internacional Coisa de Cinema, Marília Hughes ressalta que o engajamento dos pais é importante também para desdobrar os temas após as sessões: “Os filmes podem ser disparadores de bons diálogos”.
Temas complexos
Dentre 160 filmes assistidos, 34 foram selecionados para a mostra competitiva – que receberá votos também das crianças – e outros 12 para a mostra principal. Depois de se debruçarem sobre tantas obras, as três curadoras observaram que a pandemia também se refletiu na produção cinematográfica.
Elas perceberam a predominância de temas como perdas e isolamento, o que exigiu um olhar extra para o equilíbrio da mostra. “Aos poucos, fomos encontrando abordagens mais leves sobre assuntos densos”, explica Célia.
Dublagem feita em Curitiba
Além de 15 obras brasileiras, o festival conta com filmes de outras 11 nacionalidades. Diante de tamanha diversidade de idiomas, o SACI investiu mais uma vez em um de seus principais diferenciais: a dublagem de cem por cento dos títulos estrangeiros. O trabalho, assim como na primeira edição, foi todo feito em Curitiba por atores adultos e infantis, envolvendo 150 horas de gravação em estúdio, com 51 vozes e uma equipe técnica de 12 pessoas, entre diretores, editores e mixadores.
“A ideia de produzir as dublagens originais em estúdio é possibilitar, além do acesso ao conteúdo pelas crianças não alfabetizadas, que os filmes possam ser revistos em mostras futuras do SACI e de outros projetos. As dublagens também contribuem com o fomento à economia criativa da cidade e a criação de postos de trabalho para técnicos, atores e atrizes”, diz a co-idealizadora do festival, Isadora Flores, lembrando que ainda haverá sessões com LSE – legendas descritivas,com audiodescrição, para a inclusão de crianças e adultos com deficiência.
Serviço: SACI
- SACI – Semana de Animação e Cinema Infantil
- Programação completa em saci.art.br
- Quando: 14 a 23 de julho de 2023, em Curitiba
- Onde: Museu Oscar Niemeyer (MON), Cine Passeio e Teatro da Vila (CIC)
- Ingressos: Os ingressos podem ser comprados para sessões individuais, ou no formato “passe livre” para 1, 3 ou 10 dias.
- Origem das obras: Alemanha, Brasil, Canadá, Chile, Espanha, França, México, Noruega, Países Baixos, Panamá, Portugal e Quirguistão.