quarta-feira, 22 janeiro, 2025
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Rodolpho Feijó, presença curitibana na universidade da ONU

Em tempos de instabilidade global, a presença e atuação de um amplo mecanismo internacional é cada vez mais necessária e evidente. Com o objetivo de ampliar o conhecimento e cooperação entre países, assim como intensificar os esforços pelo desenvolvimento das populações, a Assembleia Geral da ONU criou em 1973 a Universidade das Nações Unidas.

Com sede em Tókio, a Universidade da ONU vem se estabelecendo deste então como o braço acadêmico da comunidade internacional. Nela lecionam profissionais de alto coturno de variadas agências do sistema Nações Unidas, além scholars de prestigiadas Universidades de todo o mundo, como Cambridge, Oxford e Zurique. Há também campus em outras cidades europeias, como Brugges. É a ONU preparando profissionais e formando quadros para atingir seus objetivos de âmbito global.

Mais recentemente, para encampar pesquisas nas áreas econômica e social, a ONU acaba de inaugurar um novo e moderno campus na Holanda, em Maastricht, cidade-berço do Tratado da União Europeia. Quem relata o dia-a-dia deste prestigiado modelo acadêmico é o curitibano Rodolpho Feijó, que cursa, em Maastricht, o Mestrado em Políticas Públicas da Universidade da ONU.

Confira abaixo a entrevista:

Qual é a sua formação universitária?

Sou formado em Comunicação Social pela PUC-PR, turma de 2008. Também sou Bacharel em Engenharia de Áudio pela Universidade de Central Lancashire (UCLAN), na Inglaterra, com especialização em mídias interativas (turma de 2014). No último outono europeu iniciei um mestrado em Políticas Públicas na Universidade da ONU.

Por que escolheu a Universidade da ONU?

Nas últimas décadas a ONU enfrentou diversos desafios, que questionaram a própria existência da organização. Porém, este ainda é o organismo com maior capilaridade e capacidade de atuação em âmbito internacional. A Universidade da ONU beneficia-se desta grande estrutura de informação. É uma conectada rede de estudantes e profissionais, cuja atuação é pautada por claros objetivos de desenvolvimento global. A Universidade veio para fortalecer esta atuação, com pesquisa de alto nível e atividades acadêmicas com o suporte de toda a estrutura do sistema Nações Unidas.

Qual é a rotina da Universidade da ONU em Maastricht?

O programa exige muita dedicação e disciplina por parte do aluno. Longas jornadas em bibliotecas, com pesquisas acadêmicas em diferentes idiomas, são frequentes. É um privilégio contar com o capital humano oferecido pela Universidade. Participamos de eventos com oficiais diversas agências internacionais, como Organização Mundial do Trabalho (ILO) e Agência da ONU para de Refugiados (ACNUR). Os resultados são extremamente gratificantes e cada minuto de estudo investido é válido.

Qual é o perfil dos alunos da Universidade da ONU?

Bastante diversificado. Há alunos formados em engenharia, medicina, direito – um amplo espectro acadêmico. É um ambiente multicultural. Faço parte de uma classe com mais de 40 diferentes nacionalidades. Os europeus ainda são maioria. Alemães, holandeses, britânicos, franceses – em geral muito bem preparados. No campus Maastricht, somos apenas 4 brasileiros. O Brasil ainda é pouco representado na comunidade acadêmica internacional.

Como é a adaptação do aluno brasileiro na comunidade acadêmica internacional?

O brasileiro tem, por natureza, uma personalidade mais flexível e agregadora. Isso facilita muito a adaptação e integração. O crescimento econômico da última década também abriu muitas portas para o Brasil no exterior. Viramos objeto de pesquisa e caso de estudo.

Qual é a função do programa de mestrado dentro do sistema ONU?

A diretriz acadêmica da Universidade alinha-se com os principais objetivos da ONU. Por consequência, o programa de Mestrado em Políticas Públicas tem a função de preparar profissionais e acadêmicos para promover o desenvolvimento humano, em especial em países em desenvolvimento. As Nações Unidas, assim como diversos organismos internacionais, tem carência de profissionais com visão e atuação global.

Qual é o futuro dos alunos formados pela Universidade da ONU?

A ONU precisa utilizar o conhecimento fornecido através do mestrado dentro de seus próprios quadros. O caminho natural do aluno é desempenhar funções na organização. Minha tese de Mestrado será sobre Informação Pública e Integração Regional. A informação é hoje um grande aliado da humanidade para combater a pobreza e promover o desenvolvimento. Também é preciso realizar avanços na integração entre os países do nosso continente. Há muito a se realizar sob todos os aspectos na América Latina. A maior bobagem que escuto é chamar a integração latino-americana de bolivarianismo. Isto é coisa de gente mal informada.

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