
O GLOBO
O presidente afastado do PTB, Roberto Jefferson, voltou ontem (23) à prisão em regime fechado após resistir por oito horas a uma ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) e atacar uma equipe da Polícia Federal com tiros de fuzil e pelo menos duas granadas. A agressão aconteceu na porta da casa dele, em Comendador Levy Gasparian, no interior do Estado do Rio. Dois agentes foram feridos por estilhaços e levados para um hospital da região e passam bem.
Delegados e policiais federais manifestaram indignação pela demora no cumprimento da ordem de prisão contra Roberto Jefferson, expedida neste domingo (23) pelo ministro Alexandre de Moraes. Em aplicativos de mensagem, eles afirmaram que não havia razão para oferecer ao político, que atacou uma equipe de policiais federais que foram ao local cumprir a decisão, o privilégio de negociar a rendição diretamente com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.
Os policiais afirmaram que a demora representa uma “desmoralização total da PF” — a reação armada de Jefferson à prisão deixou uma agente e um delegado feridos — e esperar a chegada do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para que o ex-deputado se entregue às autoridades é dar um privilégio a quem acabou de cometer duas tentativas de homicídio e pode criar um perigoso precedente.
TIROS E GRANADAS
Nos grupos, eles lembraram que uma equipe do Grupo de Pronta Intervenção (GPI) treinada para o cumprimento de mandado de prisão se encontrava no local. Os agentes chegaram ao local no começo da tarde deste domingo, mas durante a tentativa de prisão, foram recebidos a tiros por Jefferson, que se recusava a se entregar às autoridades. Um experiente delegado disse que todos os cumprimentos de mandados na casa do ex-deputado exigiram cuidados redobrados pelo histórico de ameaças.
Em nota, a Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) repudiou o ataque sofrido por policiais federais durante a tentativa de prisão. Para a entidade, “é totalmente inaceitável qualquer tipo de violência contra policiais federais, em especial no cumprimento do dever legal estabelecido pela Constituição Federal”.
A ADPF desejou a pronta recuperação dos policiais federais vítimas “desse absurdo atentado”. De acordo com a nota, os delegados federais vão acompanhar “vigilantes o desdobramento dos fatos e exigirão uma rigorosa punição ao responsável pelas agressões”.