sábado, 22 novembro, 2025
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Revelações do atletismo, gêmeas do Paraná miram Paris

Aos 16 anos, Ana e Helena já se destacam e têm como meta inicial os Jogos Mundiais Escolares na França

 

O Estado de S. Paulo

As irmãs gêmeas Ana e Helena Mees, de 16 anos, lideram uma nova geração do atletismo brasileiro. Com títulos nacionais e internacionais, as jovens de Campina Grande do SUL-PR, se preparam para defender o País no maior desafio que vão ter na carreira: os Jogos Mundiais Escolares, conhecidos com Gymnasiade, agora em maio, na França.

Na Europa, elas terão a companhia de jovens expoentes da modalidade lutando por pódio e índices, que poderão auxiliar na conquista de vaga para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.

As gêmeas corredoras embarcam para Caen, na Normandia, no dia 14 e por lá ficam até o dia 22. Ana disputará a prova dos 1.500 metros rasos e Helena competirá nos 3.000 metros rasos.

Para alcançar este degrau, as gêmeas batalharam e fizeram da carreira no atletismo a grande prioridade de suas vidas. Ao lado do pai, Anderlin Jr., que se dedica integralmente à atividade das filhas, Ana e Helena contaram ao Estadão as suas trajetórias, revelando expectativas para o futuro e explicando a rotina que as levou ao topo.

A família conta que, quando as garotas tinham entre seis e sete anos, foram a uma loja de eletrodomésticos. Ana se perdeu dos pais por alguns instantes e ficou assistindo a uma televisão que exibia uma prova de maratona. Foi o primeiro instinto para se aproximar do esporte. Ana pediu aos pais: “Quero fazer isso, quero ser como elas”. Ali começou a paixão pelas corridas. Helena seguiu os passos da irmã. As gêmeas correm e treinam juntas, sem deixar que a competitividade atrapalhe a relação de ambas.

Atualmente, vão aos mesmos eventos, mas não coincidem em todas as provas. As características musculares de cada uma definiram quem seria fundista e meio-fundista.

“Falamos com nosso pai: ‘Queremos ser corredoras’, e então começamos a pesquisar sobre o tema”, conta Helena. Anderlin foi atrás do sonho das meninas. “Não entendia nada de corrida, precisava entender o mecanismo. Comecei a pesquisar sobre provas infantis, quais eram os treinamentos e cuidados. Consegui algumas coisas, com sites governamentais, com cartilhas de orientação sobre treinamentos com crianças. Comprei alguns equipamentos. Naquela época, vivíamos em Garopaba (SC) e corríamos na praia.”

Aos oito anos, Ana e Helena contaram com uma ajuda fundamental. Moacir Marconi, o Coquinho – responsável por treinar diversos quenianos ganhadores da São Silvestre –, recepcionou as gêmeas em seu centro de treinamento, em Nova Santa Bárbara, norte do Paraná. Elas puderam acompanhar toda a rotina de treinos e ganharam elogios.

Neste início, participavam de algumas corridas do estilo trail, nas dunas do litoral catarinense. Os resultados chamavam a atenção e começaram a surgir apoios, como o de Rosane Machado, que passou treinamentos online para elas e ajudou a melhorar o ritmo.

No início da carreira, as gêmeas só praticavam a corrida duas vezes por semana. Agora Ana e Helena dedicam cerca de seis horas diárias ao atletismo, com apenas um dia de folga. Acordam às 4h30, fazem a rodagem – treino mais leve – no Parque Barigui, em Curitiba, onde residem atualmente. Depois, vestem o uniforme escolar no carro, vão para o colégio e à tarde têm nova rodada de atividades: musculação, fisioterapia e treino numa pista de saibro em São José dos Pinhais ou na de borracha da Universidade Federal do Paraná.

“Estamos focadas na conquista de melhores tempos, mas há dias em que essa condição varia um pouco, vai intercalando. Nesta semana, por exemplo, estamos nos dedicando aos treinos de força e velocidade”, diz
Ana, que foi campeã brasileira sub-20 (1.500m), em São Paulo, no último fim de semana, e tem pela frente os Jogos Sul-americanos da Juventude Sub-18, em Rosario, na Argentina, enquanto Helena se recupera de uma pequena lesão no pé.

CABEÇA BOA

A família Mees trata da questão mental como item importante na trajetória de Ana e Helena. “Nós temos uma psicóloga, a Joice Custódio, que já atuou nas categorias de base do Athletico-pr e sempre está conosco, fazendo um trabalho no dia a dia e nas provas, com foco, concentração e superação das dificuldades”, diz Helena. As gêmeas também são acompanhadas por médicos cardiologista, fisioterapeuta, nutricionista e a treinadora Dione D’agostini. Todos apostam nelas e não cobram pelos serviços prestados.

INSPIRAÇÃO

Ana e Helena elegem o jamaicano Usain Bolt como maior inspiração no atletismo. O nadador Michael Phelps, Simone Biles e o maratonista Eliud Kipchoge também são lembrados. Os nomes não escondem a obsessão pela medalha olímpica. Juntos, os quatro têm 47 pódios em olimpíadas.

“Não entendia nada de corrida, precisava entender o mecanismo. Comecei a pesquisar sobre provas infantis, quais eram os treinos e cuidados”, diz Anderlin Jr., sobre o início das filhas Ana e Helena

“Estamos focadas na conquista de melhores tempos, mas há dias em que essa condição varia”, vai intercalando Ana, sobre a rotina de treinos e exercícios.

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