
Restauro descaracterizou prédio centenário com pintura. Alcaide defende ideia
Plural
A reforma do Teatro Paiol, em Curitiba, vem causando revolta nos arquitetos responsáveis pela obra e virou objeto de zombaria na Internet. Um dos mais importantes espaços culturais da cidade, o teatro foi desfigurado por uma pintura que destoa completamente do plano original, que mantinha um ar “envelhecido” e lembrava o uso original do prédio como antigo paiol de pólvora.
Foi a própria Prefeitura de Curitiba, responsável pelo espaço, quem publicou a notícia sobre a obra com uma foto em que o teatro aparece em tons alaranjados. A imagem correu as redes sociais e fez com que a reforma fosse comparado ao célebre restauro de um “Ecce Homo” por uma artista amadora na Espanha.
ABRAÃO ASSAD
No caso do Paiol, a maior revolta partiu do arquiteto Abraão Assad (leia abaixo), um dos responsáveis pela transformação do lugar em teatro nos anos 1970. “Indignado e desolado fiquei ao constatar o andamento de um desconcertante trabalho de reforma totalmente equivocado! – uma desastrosa, grotesca e irresponsável descaracterização da obra original”, disse o arquiteto em carta aberta. Assad diz ter pedido uma reunião com os responsáveis pela obra e que eles mesmos teriam “admitido a gravidade desse sinistro acontecimento”.
Segundo a prefeitura, a obra de restauro custou R$ 646 mil. O prefeito Rafael Greca defendeu a sua obra e disse que a comparação com o “Ecce Homo” não tem cabimento. “Nosso Paiol precisa ser rebocado para proteção dos tijolos antigos que são anteriores a 1874. Se fosse descascado o velho Paiol poderia arruinar-se”, afirmou nas redes sociais.