quarta-feira, 15 janeiro, 2025
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PUCPR adota modelo da PUC Chile: a venda de serviços (Final)

Waldemiro Gremski, reitor da PUCPR
Waldemiro Gremski, reitor da PUCPR

Retomo à indagação final da coluna anterior:

“Afinal, por que a PUC do Chile conseguiu superar, por exemplo, a USP, e tornar-se a melhor da América Latina?”

Resposta: Isso aconteceu porque em 1984, na ditadura de Pinochet, o Governo cortou da PUC local – e das demais universidades do país – os subsídios de 80% que o governo lhes garantia. Ficaram apenas com 20% de subsídios. E, diante dessa nova realidade, foram obrigadas a se reinventar.

2 – ALÉM DAS MENSALIDADES

PUCPRMantida e administrada pela Arquidiocese de Santiago do Chile, a PUC do Chile, cercada de boas cabeças pensantes, concluiu que simplesmente seria impossível manter ensino e pesquisa de qualidade auferindo apenas o resultado de mensalidades. E passou a ofertar, como fazem as melhores universidades do mundo capitalista, uma ampla gama de serviços.

Praticamente todas as áreas acadêmicas da PUC Chile foram imediatamente envolvidas no processo.

Numa primeira etapa, as áreas de engenharia foram as mais produtivas, mas em seguida outras se alinharam no mesmo propósito, incluindo a venda de serviços até em áreas de Humanas.

Hoje a Engenharia de Computação é lá uma produtora de excelência comprovada, com clientes em todo o mundo.

3 – US$ 800 MILHÕES

Claro que a mudança envolveu a criação de uma nova mentalidade, para cuja criação contribuíram intercâmbios com universidades da Europa e Estados Unidos.

Hoje a PUC chilena tem uma situação financeira muito confortável: seu faturamento anual chega a US$ 800 milhões.

O que pode surpreender a muitos é o fato de a universidade chilena estar com o número de alunos – em graduação e pós – mais ou menos comum ao das melhores universidades do mundo todo: não tem mais que 22 mil alunos.

O número de alunos não impressiona, se considerarmos certas universidades brasileiras, com cento e tantos mil alunos (aí incluídos os de ensino a distância).

Um adendo: no Chile, hoje um país considerado modelar em muitos aspectos, todo o ensino universitário, inclusive o público, é pago.

4 – O GRANDE TECNOPARQUE

Até o ano de 2013, a PUCPR manteve seu campus de São José dos Pinhais, com milhares de alunos e diversos cursos de graduação.

Com a decisão de “reinventar-se”, estimulada pela grande usina de ideias e modernidade que é o reitor Waldemiro Gremski, o campus foi desativado este ano.

Para que isso ocorresse, alguns fatores contaram, como as próprias dificuldades de mobilidade de alunos e professores em direção ao campus.

Mas o fator decisivo foi a intenção de materializar a menina dos olhos da mantenedora da PUCPR – e especialmente do reitor: a criação de um Tecnoparque naquele espaço antes destinado a aulas, em São José.

E com a missão especial de ser um ponto de encontro entre a universidade e as empresas da região (e são centenas).

O alvo passa a ser, além da cidade-sede do Tecnoparque (S.José), Araucária e Campo Largo.

A PPUC já tem boa experiência com parques tecnológicos, como o que mantêm no espaço que outrora foi o endereço da Companhia Providência, no Rebouças, e onde empresas de porte, como a Volvo e Nokia, operam em conjunto com a universidade.

No novo Tecnoparque a entreajuda universidade/empresas será ampla. A começar pela proposta de grandes indústrias deslocarem seus quadros humanos mais férteis para transferir conhecimentos à universidade.

No Tecnoparque deverão ser gerados novos serviços e pesquisas que a universidade colocará, em futuro não distante, a serviço da comunidade. E para garantir a manutenção e ampliação da própria PUCPR.

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