quinta-feira, 4 setembro, 2025
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Prosa gastronômica: Vinho, tapas e preconceitos desfeitos

Por Katia MichelleTerça-feira à noite e a gente tá como? Procurando lugar para jantar com a filha jovem. Buscamos aleatoriamente e tivemos a ideia de provar um open de vinho com comidinhas gostosas. Pesquisa daqui, pesquisa dali e encontramos um lugar que, a princípio, eu achava que não conhecia. Sou péssima com endereços e esqueceram de colocar o chip do Maps em mim. Quando chegamos, mas gente!

Era o Lemí, ali ao lado do Barbaran, a casa do Julinho Tarnowski. Resisti à tentação de ir comer o bolinho de carne mais gostoso da cidade, tomar a cerveja mais geladinha e roubar a mesa do Júlio, para conhecer algo novo. Vai que rende uma coluna.

Eu nunca tinha ido ao Lemí porque, confesso, tinha preconceito. Bobo, pode ser, mas achei que o Leminski, o homenageado do bar (Lemí – Leminski. Pegou?), não iria gostar de ver seu nome em um drink chamado Lemirinha (cachaça branca, limão siciliano, xarope de gengibre e bitter de laranja). Mas vamos lá, olhamos o cardápio e a jovem vegetariana se encantou com algumas coisas.

Pedimos uma taça de vinho branco e voilà, um Tartare de Atum em Focaccia Gochujang, que leva atum curado servido em focaccia levemente picante com creme de iogurte temperado, raspas de limão, gergelim e flor de sal. Boa escolha, apesar do preço um pouco mais salgado que a flor de sal (R$ 50,00 por duas pequenas fatias). Minha filha disse que “comeria aquilo o dia inteiro”.

Para mim, já estava aprovado. O cardápio é uma criação do advogado e ex-MasterChef Eduardo Richard. Ele participou do programa na edição de 2019, mesmo ano da abertura do bar. Naquele ano tinha uma pandemia no meio do caminho, então o bar passou a receber o público só no final de 2021.

Desde então, oferece um cardápio inspirado em bares de tapas espanhóis, com porções que podem ser compartilhadas ou devoradas individualmente mesmo. Em seguida ao tartare de salmão, pedimos um veggie bowl, uma seleção de vegetais tostados, assados e grelhados com hommus de edamame e castanhas (R$ 45). O hommus estava espetacular, eu comeria todos os dias. Os vegetais estavam frios e pouco grelhados, com textura mais mole do que firme, mas o molho compensava.

E o vinho, ah, sim, fomos ali para beber (R$ 69,00 o open). A seleção era de vinhos Trapézio, nome dado em referência ao formato do vinhedo da Finca La Promessa, na Argentina. Pedimos uma taça de Sauvignon Blanc, uma de rosé e uma de tinto e ficamos por aí porque, afinal, era só terça-feira. Que venha a próxima, com mais fartura e álcool equilibrado.

Obs.: Nenhum garçom ou dono de bar foi incomodado para que esta coluna fosse feita.

Serviço
Lemí Gastrobar
Alameda Augusto Stellfeld, 811 – Centro, Curitiba – PR, 80410-140
Telefone: (41) 99292-4801

*Katia Michelle é jornalista formada em Comunicação Social e bacharel em Artes Cênicas. Trabalhou durante uma década na Folha de Londrina, passou pelo marketing de grandes empresas e foi editora na Gazeta do Povo. Aprendeu que comida é mais do que a junção de ingredientes e, desde então, vaga entre palavras e receitas, procurando o léxico, o sabor e o aroma perfeitos.

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