Por Katia Michelle – Levante o primeiro copo quem nunca saiu de uma mesa de bar com viagens marcadas, promessas de encontros futuros ou planos mirabolantes traçados. Pois é, mas no caso dos (agora) empresários Felipe de Ferrante, Maurício Ferrante Neto e Ronaldo Gnypek, o bate-papo rendeu e foi além da rodinha. Virou projeto, plano de negócio e sociedade. Foi assim que surgiu o Assa Churrasco Americano & Parrilla, uma portinha no bairro São Lourenço, em Curitiba, que já tem ares de tradicional, mesmo com pouco tempo de casa.
É que o local já servia de sede para uma experiência do churrasqueiro de mão cheia Felipe de Ferrante. Entusiasta do projeto, ele lançou o desafio “preciso de sócios” depois de algumas cervejas, ali no mesmo endereço, mas ainda incipiente. Antes de receber o aval dos amigos, no entanto, ele já havia acumulado bastante experiência.
Formado em Publicidade & Propaganda, o curitibano raiz se incomodava com ambientes fechados, formais, horários e rotinas. Como sempre gostou de cozinhar (mesmo a cozinha sendo um ambiente fechado, formal e com horários e rotinas), decidiu fazer o curso de Culinária Internacional no Senac, além de acumular outras especializações gastronômicas.
Começou a trabalhar em restaurantes renomados da cidade, em eventos, e a se encantar ainda mais pelo fogoso universo da carne. “Do nada”, foi convidado para participar de alguns festivais fora da capital paranaense — e o resultado não podia ser melhor: um combo de experiências e premiações.
Na pandemia, no entanto, com a crise dos restaurantes, começou a fazer almoços para delivery e até assar carnes para os mais saudosos do verdadeiro churrasco, mas com pouca inclinação para colocar a mão na carne. Não demorou para decidir alugar um cantinho para chamar de seu. Alugou a loja no mesmo endereço em que o Assa funciona hoje, mas o local só tinha uma coifa e um sonho.
E o que era quase um devaneio se tornou realidade no segundo semestre deste ano, com aquela conversa de bar. O resto da história tem que ser conferido in loco. A loja ao lado foi alugada, banheiros limpinhos foram construídos, pinturas foram feitas nas paredes, e as mesas aumentaram (mas não muito) na calçada, dando aquele ar de bar clássico que a gente ama.
No cardápio, o sumo do que Felipe aprendeu nas últimas décadas: carne fresquinha, no ponto certo, assada na técnica da parrilla e do pit smoker. “Temos uma grande preocupação com a qualidade da carne. Nossa matéria-prima é escolhida com muito cuidado!”, conta.
Eu provei o Brisket (R$ 70), aquele corte do peito bovino que está ganhando cada vez mais fama. Tem fibras longas e gordura entremeada, e dizem que prepará-lo é um desafio. Foi cumprido com sucesso pelo churrasqueiro, mas, assim como em conversa de bar, precisa de mais tempo e maturação para provar o cardápio — enxuto, mas bem-organizado. Os acompanhamentos são clássicos: maionese, legumes grelhados e polenta Há também a experiência dos cardápios fechados, como o sanduíche de Pastrami ou Baked Potato em datas especiais e apenas para quem fizer reservas.
No mais, a cerveja é gelada, tem chope IPA ou Pilsen (prefiro IPA) e o ambiente agradável no frio, mas mais no calor. Vou voltar. Bora? Só fique atento aos horários, porque o bar “abre até fechar e a comida tem até acabar”.
Assa Churrasco Americano & Parrilla
- Rua Lívio Moreira 293, São Lourenço
- Sexta 17h30 / 22h30
- Sábado 11h45 / 16h30
- Domingo 12h / 16h
*Katia Michelle é jornalista formada em Comunicação Social e bacharel em Artes Cênicas. Trabalhou durante uma década na Folha de Londrina, passou pelo marketing de grandes empresas e foi editora na Gazeta do Povo. Aprendeu que comida é mais do que a junção de ingredientes e, desde então, vaga entre palavras e receitas, procurando o léxico, o sabor e o aroma perfeitos.