segunda-feira, 29 setembro, 2025
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Programa dos Amigos do HC ensina aposentada de 75 anos a ler

Assessoria – Escrever um bilhete ou ler uma placa pode ser algo simples para milhões de brasileiros, mas era um sonho para Ana Fidelis, de 75 anos. De família humilde, a idosa foi criada em um sítio e lembra que, naquela época, ler e escrever não eram prioridade em algumas famílias. “Meus pais falavam que eu não precisava ler tudo e meus irmãos também não permitiam que eu fosse para a escola”, relembra Ana.

A aposentada fazia parte dos 5,3% de brasileiros analfabetos, mas a situação começou a mudar depois de uma conversa com uma colega. Durante uma atividade no CEDIVIDA, Centro de Direitos à Vida da Pessoa Idosa dos Amigos do HC, a aposentada deu início a uma nova jornada ao lado da amiga Erenice Kowalski Zado: a das palavras.

Idalina Cunha, coordenadora do CEDIVIDA, fala sobre a importância das relações dentro do projeto. “O CEDIVIDA é um centro de convivência com diversas atividades e oficinas voltado para a pessoa idosa. E a importância das relações na terceira idade se vê na amizade entre Ana Fidelis e Erenice. É uma história muito bonita e que temos muita alegria em contar. Nós também temos a missão de proporcionar esses encontros e fazer com que as pessoas se sintam à vontade e acolhidas para que possam trabalhar as suas emoções e as dificuldades dentro de um ambiente seguro”, afirma.

Desde 2023, o CEDIVIDA oferece oficinas, palestras e outras atividades que promovem saúde, bem-estar, direitos, autonomia, inclusão digital, além de oportunidades de emprego e empreendedorismo para a população 60+. Tudo de graça.

A jornada de Ana Fidelis

Erenice, professora aposentada, lembra com carinho de como tudo começou. “Nós estávamos estudando o Estatuto do Idoso e o professor distribuiu um papel para a gente colocar a nossa opinião. Uma das colegas, a dona Ana, falou que não adiantava dar o papel porque ela não sabia escrever. Perguntei: a senhora quer aprender? Ela disse que sim. Eu respondi que iria ensinar”, relembra Erenice.

A partir daí, Erenice foi em busca de material para ensinar Ana Fidelis. “Comprei uns livrinhos de desenvolvimento motor fino para ela começar a fazer. Quando ela terminou, comprei outro com as vogais, depois consoantes e uma cartilha, e assim foi que começamos. Ela tem um pouco de dificuldade ainda para escrever, mas a letra dela está bem bonita, porque ela também fez caligrafia. Fez uma porção de exercícios, só que nessa idade é mais difícil o desenvolvimento motor”, conta a professora.

Além de conseguir ler e escrever, o que facilita o dia a dia de Ana Fidelis, o comportamento da idosa também teve mudanças relevantes. Erenice, que participa semanalmente das atividades ao lado de Ana Fidelis no CEDIVIDA, conta como as mudanças são evidentes. “Ela ficou muito feliz de ter aprendido a ler e escrever e eu noto que ela mudou a postura. Sempre estava cabisbaixa, não falava com ninguém. Agora ela sai na rua lendo placas. A filha dela diz que ela lê tudo que tem por perto. Agora, ela conversa bastante, participa mais das atividades e já está conseguindo se comunicar. E eu, como professora, tinha a obrigação, né? Estou muito feliz por isso”, comemora Erenice.

Ana Fidelis também sente que aprender mais sobre as palavras e a escrita tem mudado sua vida. “Eu saí daquela depressão. Precisava ler e não sabia o que estava escrito. Agora eu sei e tenho autonomia”, comenta a aposentada.

Analfabetismo no Brasil

No Brasil, a taxa de analfabetismo absoluto (não saber ler ou escrever) em 2024 foi de 5,3%, representando 9,1 milhões de pessoas e marcando a menor taxa histórica registrada pelo IBGE desde 2016. O analfabetismo, em suas diversas formas, continua a ser um obstáculo significativo para o pleno desenvolvimento social e econômico de um país. Apesar dos avanços nas últimas décadas, milhões de brasileiros ainda enfrentam dificuldades em ler, escrever e compreender informações básicas, o que limita seu acesso a direitos, oportunidades e à participação cidadã. Para o indivíduo, significa restrição de acesso a empregos qualificados, menor capacidade de participação política e social, e maior vulnerabilidade à exploração e desinformação.

CEDIVIDA

O Programa CEDIVIDA, mantido pelos Amigos do HC, é o Centro de Direitos à Vida da Pessoa Idosa. Atende gratuitamente pessoas que buscam uma longevidade mais saudável e autônoma. Em sede própria, inaugurada em 2023, são realizadas oficinas, palestras e outras atividades que promovem a saúde, bem-estar, direitos, intergeracionalidade e a inclusão digital, além do fomento à empregabilidade e o empreendedorismo 60+.

CEDIVIDA – Centro de Direitos à Vida da Pessoa Idosa
Mantenedor: Amigos do HC
Endereço: Av. Agostinho Leão Jr., 320 – Alto da Glória
Atendimento: De segunda a sexta, das 8h30 às 17h30
Contatos: (41) 3122-8650 | contato@cedivida.org.br

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