
No sábado do dia 6 de agosto, o auditório da Associação Comunitária Presbiteriana de Curitiba foi palco de um evento muito bacana: uma capacitação sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Promovido pelo mandato do professor e vereador Dalton Borba (PDT), o encontro reuniu mais de 150 professores, pedagogos e educadores em geral dos Centros de Educação Infantil, das redes pública e particular do município.
O médico neuropediatra Anderson Nitsche, coordenador do ambulatório de transtornos do neurodesenvolvimento do Hospital Pequeno Príncipe e preceptor da residência de neurologia pediátrica do hospital, abriu os trabalhos, abordando os aspectos clínicos, neurológicos e genéticos para o diagnóstico do TEA. Durante a apresentação, Nitsche falou também sobre os tratamentos farmacológicos e as terapias alternativas, além de tratar de técnicas de comunicação mais adequadas para o melhor atendimento dos alunos com TEA em sala de aula.
Na sequência, a psicóloga e pedagoga Letícia Arcoverde, especializada na área de Neuropsicologia e Educação Especial Inclusiva, deu continuidade à capacitação. Em sua palestra, abordou o trabalho na identificação de sinais e sintomas, o encaminhamento nos casos de dificuldades ou transtornos emocionais — de desenvolvimento ou de aprendizagem — e os conceitos de orientação e acolhimento acerca do TEA. Leticia abordou as questões referentes ao parecer descritivo, ao profissional de apoio, a flexibilização curricular e avaliativa, entre outros aspectos e conceitos que permeiam o dia a dia dos professores da educação infantil nas escolas.
Para o professor e vereador Dalton Borba, é necessário haver acompanhamento multidimensional desses alunos. Por isso, a importância de encontros como esse: para debater e compartilhar experiências sobre o autismo, com o intuito de capacitar professores, diretores, pedagogos e funcionários da rede pública de ensino, com o intuito de oferecer um atendimento adequado para esses alunos com TEA. “Como professor, conheço de perto a realidade da sala de aula. É preciso avançar muito ainda na elaboração das políticas públicas para a área da educação. Os alunos que têm algum tipo de transtorno de aprendizagem não têm assegurado o respeito aos seus direitos fundamentais — sofrem preconceito, discriminação, e a maioria não tem um atendimento adequado em sala de aula”, destaca Borba. O vereador é um dos autores de um projeto de lei que tramita na Câmara Municipal de Curitiba, que tem como objetivo implantar uma política municipal de acompanhamento integral para alunos com transtornos de aprendizagem no município. Esse projeto já passou pelas comissões e está pronto para ser votado em plenário.
Segundo dados do CDC — Centro de Controle e Prevenção de Doenças, órgão ligado ao governo dos Estados Unidos (o equivalente deles à Anvisa), existe hoje um caso de autismo a cada 110 pessoas. Estima-se que o Brasil possua cerca de 2 milhões de autistas, considerando a população de 200 milhões de habitantes. Em Curitiba, segundo levantamento da secretaria de educação, na rede municipal de ensino há 2.721 alunos com autismo, sendo 2.456 no ensino fundamental, 110 em classes especiais e outros 155 em escolas especiais. O levantamento da Secretaria de Justiça, Família e Trabalho no Paraná (Sejuf), aponta que atualmente existem 6 mil cadastros de pessoas diagnosticadas com autismo no Estado.
Para Borba é importante promover mais eventos como este, que visam a capacitação e a troca de informações e conteúdos com os profissionais com especialização e experiência na área de Transtornos de Aprendizagem, porque é só por meio da inclusão na educação que podemos pensar numa sociedade melhor, com justiça social e igualdade de oportunidades para todos.
