domingo, 22 dezembro, 2024
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Primeiro vereador indígena do país foi eleito no Paraná

CMC – O primeiro vereador indígena do Brasil foi eleito no Paraná, em 1976, na cidade de Mangueirinha, na região sudoeste do estado, que faz divisa com Clevelândia e com Coronel Vivida. Foi nessa localidade que surgiu a liderança kaingang Ângelo Kretã, que, de 1976 a 1979, foi membro da Câmara Municipal de Mangueirinha. Liderou a retomada de terras indígenas e, no dia 29 de janeiro de 1980, aos 37 anos, morreu em uma colisão de automóveis.

O lamento dos indígenas de Mangueirinha pela sua morte foi registrado e relatado, na época, em uma edição especial do Globo Repórter. A reportagem relata, detalhadamente, o que ocorreu com o cacique no dia que sofreu o fatal acidente de carro. Autoridades policiais discordam da tese de crime político, mas, para os indígenas do Paraná, ele foi vítima de um atentado e, por isso, a data de sua morte virou símbolo e passou a ser celebrada como o Dia de Luta e Resistência dos Povos Indígenas da Região Sul.

Na época, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) confirmou, em nota, que a morte do cacique Kretã “foi decorrência de um acidente de trânsito”. No entanto, o presidente da Funai, o coronel João Carlos Nobre da Veiga, em contradição à nota, afirmou, dias depois da colisão, que se vitimou a liderança kaingang, que “até que haja prova concreta, acredito que há intencionalidade por parte de pessoas interessadas em eliminar esses índios”.

Prefeito Rafael Greca abriu oficialmente no Solar do Barão o Seminário Em Memória de Ângelo Kretã: Balanços e Perspectivas sobre a Questão Indígena no Sul do Brasil. Curitiba, 20/09/2017.Foto: Levy Ferreira/SMCS
Em 2017, Seminário Em Memória de Ângelo Kretã: Balanços e Perspectivas sobre a Questão Indígena no Sul do Brasil. Foto: Levy Ferreira/SMCS

Câmara homenageou Kretã

Visto como uma das mais importantes lideranças dos povos originários do Brasil, Kretã tornou-se um símbolo das lutas indígenas no Brasil. Em 2017, o prefeito Rafael Greca abriu, oficialmente, o seminário “Em Memória de Ângelo Kretã: Balanços e Perspectivas sobre a Questão Indígena no Sul do Brasil”, realizado na Gibiteca de Curitiba, no Solar do Barão, onde há uma sala denominada em homenagem a Kretã. Na ocasião, Greca destacou que a origem da capital do Paraná é de um território indígena.

“Se meninos e meninas indígenas guardarem as raízes da nossa terra no coração, mesmo que entrem na chamada ‘civilização branca’, eles podem ser o que quiserem, sem perder a sua memória. Eles permanecerão indígenas e, portanto, devem conservar a sua essência”, afirmou Greca há cinco anos. Na CMC, um projeto de lei homenageando a liderança kaingang, do ex-vereador Pedro Paulo, foi aprovado dez anos antes. O logradouro público escolhido em 2007 foi uma rua no bairro Sítio Cercado, cuja grafia definida à época foi Ângelo Cretã.

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