quarta-feira, 10 setembro, 2025
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Presenças maiores (parte 6): memorialistas da cidade: Zaruch e Pougy

Julio Zaruch
Geraldo Pougy.

Tenho de fazer justiça a duas personagens da Curitiba real, homens profundamente envolvidos com a revolução urbana que Jaime Lerner comandou em Curitiba a partir de 1971. Um, o jornalista Luiz Julio Zaruch, que comparece em seu site com um texto de rara qualidade e enorme oportunidade sobre a criação do Teatro do Paiol, com o show de Vinicius e Toquinho, e, de passagem, mas também muito oportuno, fala da Parcerias Impossíveis, encontros de notáveis da vida cultural brasileira, tendo o Paiol como cenário. Eu foi um privilegiado: como conselheiro da Fundação Cultural de Curitiba, estava lá. Uma honra.

Zaruch conhece bem a cidade. Embora tenha sido em sua vida profissional, na maior parte do tempo, um redator do serviço público, isso não lhe retirou a capacidade de análise. E mais digo sobre Zaruch: ele tem um texto primoroso, bem cuidado, nada se perde, o substantivo exercendo a forte precisão jornalística. Parabéns, Zaruch, velho amigo.

A segunda personagem a quem tenho de tributar homenagem é Geraldo Pougy, um carioca que chegou a Curitiba para trabalhar com Lerner na Prefeitura. E aqui, graças, foi ficando. Tive o privilégio de algumas vezes dialogar com o arquiteto, de família profundamente vinculada a nomes significativos da vida brasileira como o imortal deles o Tristão de Athaide. Hoje não há porque não considerar Pougy um curitibano de ponta, dada sua obra e sua presença na vida da cidade.

Com método, conhecimento de causa raro, e capacidade de ampliar fontes de informação, Pougy legou à cidade o livro “Curitiba, Urbanuismo Essencial”. É obra indispensável – esta é a palavra certa – para quem quiser entender todos os porquês da revolução urbana de Lerner apresentou ao mundo, tendo Curitiba como seu “experimento”.

Pougy sabe escrever pensando em pessoas que não têm obrigação de entender o “urbanês” nem os outros códigos que técnicos, muitas vezes, até guardam como um meio de controle do conhecimento. Quanto mais hermético, melhor. Mas com Geraldo aconteceu a feliz junção do técnico e o bom processo de comunicação.

Nem poderia ser de outra forma: ele hauriu ao lado de Lerner, em bom português, os meandros de técnicas e propostas que teriam de ser “deglutidas pelos cidadãos”. Saiu-se melhor que a “encomenda”. O livro de Pougy faz muitas referencias, citando depoimentos da série de livros “Memória da Curitiba Urbana”, que criei e dirigi no IPPUC.

Maí Nascimento, Marisa Valério, David Campos foram alguns dos jornalistas que garantiram a importância desse raro recolhimento de depoimentos históricos de homens e mulheres que foram essenciais à vida de Curitiba e à qualidade de vida que a urbe nos garante hoje. Salve o Pougy, outro memorialista da cidade de Curitiba.

Sede do IPPUC
David Campos
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