Velório na Basílica de São Pedro começa na manhã de segunda-feira (2). Será a primeira vez na história da Igreja Católica que um Papa em exercício presidirá o funeral de um Pontífice emérito
Aleteia e O Globo
O Papa Emérito Bento XVI – Joseph Alois Ratzinger – morreu hoje em Roma, aos 95 anos.
“Com pesar informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34, no Mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano. Assim que possível, serão enviadas novas informações”, informou em um comunicado o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.
A morte de Bento XVI marca a primeira vez em seis séculos que um sucessor de São Pedro morreu enquanto não estava no cargo. O último foi o Papa Gregório XII.
FUNERAL
Quando morre um Papa, a tradição do Vaticano para funerais é bastante clara e antiga, mas o fato de Bento XVI ter sido a primeira pessoa a renunciar ao Pontificado em seis séculos deixa os preparativos mais incertos. Os pormenores do velório ainda são desconhecidos, mas a Santa Sé confirmou que o corpo será exposto na Basílica de São Pedro a partir da manhã de segunda-feira (2) para que os fiéis possam se despedir.
O Vaticano anunciou também que o Papa Francisco irá presidir o funeral de seu antecessor, que renunciou ao comando da Igreja Católica em fevereiro de 2013, com uma missa na Praça de São Pedro às 9h30 (5h30 no Brasil) do dia 5 de janeiro, quinta-feira. Será a primeira vez na História milenar da Igreja católica que um Papa em exercício presidirá o funeral de um Pontífice emérito.
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Especialistas apontam que os procedimentos devem ser similar aos previstos para funerais papais tradicionais, mas ainda há uma série de incógnitas frente à situação sem precedentes na História moderna. Não se sabe se o alemão Bento, cujo nome de batismo é Joseph Ratzinger, usará as tradicionais vestes vermelhas papais e o pálio — tradicional colarinho de lã branca — ou se os tradicionais nove dias de luto, conhecidos como Novendiale. Também é uma incógnita se líderes internacionais serão convidados ou onde seu corpo será enterrado.
TRAJETÓRIA
Joseph Ratzinger nomeado Cardeal em 1977 e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé em 1981, Decano do Colégio Cardinalício desde 2002 nasceu em Marktl am Inn, no território da Diocese de Passau (Alemanha), a 16 de Abril de 1927.
Seu pai era um comissário de polícia e provinha de uma família de agricultores da Baixa Baviera, cujas condições económicas eram bastante modestas. A mãe era filha de artesãos de Rimsting, no lago de Chiem, e antes de casar tinha trabalhado como cozinheira em vários hotéis.
Transcorreu a sua infância e a sua adolescência em Traunstein, uma pequena cidade perto da fronteira com a Áustria, a cerca de trinta quilómetros de Salisburgo. Recebeu neste contexto, que ele mesmo definiu “mozartiano”, a sua formação cristã, humana e cultural.

O tempo da sua juventude não foi fácil. A fé e a educação da sua família preparou-o para a dura experiência dos problemas relacionados com o regime nazista: ele recordou ter visto o seu pároco açoitado pelos nazistas antes da celebração da Santa Missa e de ter conhecido o clima de grande hostilidade em relação à Igreja católica na Alemanha.
Mas precisamente nesta complexa situação, descobriu a beleza e a verdade da fé em Cristo e foi fundamental o papel da sua família que continuou sempre a viver um testemunho cristalino de bondade e de esperança radicada na pertença consciente à Igreja.
Quase no final da tragédia da Segunda Guerra Mundial também foi alistado nos serviços auxiliares anti-aéreos.
De 1946 a 1951 estudou filosofia e teologia na Escola superior de filosofia e teologia de Frisinga e na Universidade de Munique. Em 29 de Junho de 1951 foi ordenado sacerdote.