Segundo a OAB Paraná, escritórios denunciaram golpes em diversas partes do estado. Polícia informou que estelionatários usam dados reais e públicos, como número de processos, para convencer vítimas
G1 Paraná e RPC TV
A Polícia Civil do Paraná (PC-PR) está investigando o uso do nome de advogados e escritórios de advocacia por golpistas. Com informações reais obtidas por acesso público, eles pedem dinheiro para vítimas que têm precatórios a receber.
Um homem que prefere não ser identificado perdeu quase R$ 13 mil no golpe. Ele destacou a facilidade de cair no estelionato, uma vez que além dos dados serem reais, os criminosos aparentam conhecer trâmites judiciais.
Segundo a OAB Paraná, as principais vítimas, além dos advogados, são clientes que possuem processos trabalhistas e previdenciários.
FUNCIONAMENTO
O golpe acontece por WhatsApp. O primeiro contato, segundo a polícia, é feito por uma pessoa que se apresenta como secretária de um escritório de advocacia.
O golpista informa que o processo está em fase de liberação, e pede a vítima que entre em contato com o advogado responsável. A falsa secretária diz que o contato deve ser feito somente por mensagens, uma vez que o advogado estaria no tribunal, onde não poderia atender ligações.
A mensagem cita dados reais da vítima, como nome completo, nome do advogado do caso e número do processo.
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O golpe continua em outra mensagem, desta vez, em conversa com o falso advogado.
O golpista diz que foi autorizado um pagamento de R$ 284 mil, mas que a Receita Federal estaria cobrando um percentual de 30% de imposto de renda, por isso, a solução seria a vítima pagar por certidões que garantiriam a isenção do tributo.
O golpe continua dizendo para as vítimas que a liberação das certidões seriam feitas por um procurador de justiça. O pagamento solicitado inicialmente é de R$ 2.999,99.
“Eu entrei em contato para que fosse feita a isenção desse imposto de renda. E aí ele pediu já o valor, um Pix de R$ 3 mil”, disse uma vítima.
O golpe termina com os criminosos dizendo que a vítima teria que pagar um novo boleto, de R$ 10 mil, que seria restituído entre 30 e 60 dias.
INVESTIGAÇÃO
A Delegacia de Estelionato disse que investiga vários casos relacionados ao mesmo tipo de golpes, mas não informou quantos nem que cidades do Paraná.
O delegado Emmanoel David explicou que os golpistas contatam pessoas que irão receber os precatórios também por mensagem de texto, via SMS.
Um escritório de Curitiba que teve o nome utilizado pelos golpistas recebeu pelo menos 300 notificações de clientes que foram contatados pelos estelionatários.
“Os clientes começaram a entrar em contato perguntando se éramos nós que estávamos pedindo dinheiro para fazer andar os processos. E aí os clientes sentiram algo estranho e nos contataram. Nós verificamos que era uma quadrilha se passando por advogados aqui do escritório”, explicou o advogado Nasser Ahmad Allan.
DENÚNCIAS NA OAB
A OAB Paraná afirmou que recebeu denúncias e reclamações de mais de 20 escritórios de advocacia do estado. Uma comissão formada na instituição passou a reforçar o trabalho, junto da Polícia Civil, para definir medidas mais efetivas no combate a este tipo de crime.
Para Marilena Winter, presidente da Ordem, o trabalho de investigação precisa ser reforçado e unificado. Ela diz que faltam ações que dificultem o acesso a processos que estão na internet.