Glosando a situação, a jornalista Marilena Wolff de Melo Braga escreveu e divulgou nas redes sociais versos dedicados a Adriane Garcia, que ganhou em novembro de 2013 o Prêmio Helena Kolody, e até agora não recebeu um tostão.
“A poeta e o calote
O dinheiro não chegou, não chegou,
o dinheiro não chegou.
Encomendei sonhos novos
pano alegre para a sala, a janela, o varal, o dinheiro não chegou,
meus amigos aguardam livro, estantes arrumadas,
buraquinho de cem páginas tão vazio,
letras errantes enfiadas em férias burocratas,
cartinha dizendo espere, o dinheiro vem, chega logo, logo, logo.
Era quarenta, doze pro imposto,
prêmio do santo, milagre bom,
as letrinhas desconfiam. Elas correm,
nem poema fiz hoje, tristeza
em chitas, fitas, agulhas.
Adormecida, furo o dedo,
olho a aurora, formiguinha
derretida, sem dinheiro na caixinha
viro fera, assusto bela, minhas letras
perdidas no sótão, me gritam: e a correção, também vem, ou não”?
Ao que respondeu Adriane Garcia: – “a despeito da feiura de governos e suas formas bizarras de condução, essa solidariedade é uma riqueza imensa.
Muitíssimo obrigada, usar seu talento para a denúncia. Pois é, você viu, responderam como se o atraso fosse óbvio e o lançamento de novo concurso sem honrar o primeiro fosse óbvio, mas não é. Abraço e gratidão”.
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